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Geopolítica

Neo socialismo

Utopia socialista ganha “nova roupagem” pelas mãos do venezuelano Hugo Chávez e de seus seguidores

Quem pensa que quase nada restou da utopia socialista do século passado se engana. Um novo socialismo, intitulado do século 21, vem ganhando força pelas mãos de Hugo Chávez, presidente da Venezuela.

Uma nova safra, sem dúvida, mas que acaba por ser confundida pela população venezuelana como uma prática assistencialista, bem distante dos princípios ditos socialistas invocados por Chávez.

Na América Latina, "companheiros" de Chávez também querem – ou tentam – seguir o mesmo caminho. É o caso, principalmente, do boliviano Evo Morales e do equatoriano Rafael Correa, que vêm enfrentando forte oposição nos últimos dias por conta de seu suposto projeto socialista, inspirado nos moldes chavistas.

A nova safra do socialismo na América Latina, teoricamente, bebe da fonte do regime cubano de Fidel Castro. Chávez lança mão do histórico da revolução nacionalista que Fidel propunha, incluindo a oposição aos Estados Unidos, diz a professora de geopolítica do Curso Positivo, Luciana Worms. "O venezuelano ocupa o vácuo político deixado por Fidel."

Mundo afora, exemplos como os da Coréia do Norte e da China ainda sustentam os pilares de regimes rígidos mantidos por Partidos Comunistas (veja ao lado). No caso chinês, o que se vê é a combinação de desigualdade do capitalismo e a falta de liberdade do comunismo – os dois piores ingredientes de cada sistema, comenta Luciana. "O que mantém o Partido Comunista no poder é a abertura econômica, que por conseqüência incrementou o poder bélico chinês."

A China apenas ostenta a classificação socialista, mas o que se vê é a desagregação dos critérios capitalistas em que os trabalhadores têm uma renda extremamente baixa, comenta José Maria de Almeida, presidente nacional do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU). "Socialismo sem democracia não existe. Por isso considero que hoje não há nenhum exemplo, nem econômico nem político de socialismo no mundo", diz ele.

Mais centrado ainda é o regime norte-coreano que hoje está nas mãos de Kim Jong- II, que se inspira nos feitos de Josef Stalin na União Soviética. Tanto Coréia do Norte quanto China possuem planos de desenvolvimento que se sustentam em seus regimes de longo prazo, combinando a governabilidade estável com metas de socialização que não colocam em risco seus respectivos crescimentos econômicos, analisa Sabrina Medeiros, professora de História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "A China dita as regras de sua abertura econômica. Sem pressões internas."

O modelo de socialismo burocrático e de supressão das liberdades individuais está falido, acha Luiz Felipe Bergmann, presidente regional do Psol (Partido Socialismo e Liberdade). "A América Latina, nas figuras de Venezuela, Bolívia e Equador, reacende a utopia socialista como um grande laboratório para o futuro."

Modelo europeu

Na Europa, a social-democracia, representada por partidos socialistas, teve força nos governos do presidente da França François Mitterand (1981–1995) e do premier britânico John Mayor (1990–1997), diz Sabrina. Agora ressurge nas propostas da candidata à presidência da França, Sègoléne Royal. "No caso europeu, o teor socialista transparece em alguns setores e políticas de governo, como nas questões de previdência social, imigração e emprego."

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