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Alguns se intitulam "ciganos sênior". Outros preferem "nômade internacional". David Law, de 74 anos, head hunter aposentado que acampou em vários países nos últimos dois anos, gosta do som de "beduíno americano". Eles são aposentados que escolheram uma vida de viagens em vez de uma em que tenham que cuidar de seus bens. E seus números estão crescendo.

Law e sua esposa, Bonnie Carleton, de 69 anos, que puseram sua casa à venda em Santa Fé, no Novo México, falaram comigo recentemente por telefone de um camping em Stoupa, na Grécia. Ele explicou que os dois vagam pelo mundo para "ter a maior e mais radical experiência possível". Recentemente, decidiram que estavam muito velhos para acampar. Pretendem agora continuar o que Law chama de "férias eternas" em um trailer mais confortável.

Entre 1993 e 2012, o percentual de aposentados americanos viajando para o exterior cresceu de 9,7 para 13 por cento, de acordo com o Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Cerca de 360.000 americanos receberam benefícios de Segurança Social em endereços estrangeiros em 2013, cerca de 48 por cento mais do que 10 anos antes. Muitos acabam voltando para casa ou tornam-se expatriados, mas alguns vivem como aventureiros sem lar.

Lynne Martin, de 73 anos, publicitária aposentada e autora de "Home Sweet Anywhere: How We Sold Our House, Created a New Life, and Saw the World" (Um lar em qualquer lugar: como vendemos nossa casa, criamos uma nova vida e vimos o mundo), faz parte desse grupo. Há três anos, ela e seu marido, Tim, de 68 anos, venderam sua casa em Paso Robles, na Califórnia, e todas suas posses, encontraram um lar para seu Jack Russell, Sparky, e agora vivem em casas alugadas por temporada que geralmente encontram através do site HomeAway.com. Os Martins não mexem em sua poupança durante as viagens, alternando visitas a cidades caras como Londres com destinos mais razoáveis como Lisboa. "Simplesmente trocamos os gastos de uma casa com jardim na Califórnia por uma vida em lugares menores, mas confortáveis, alugados pelo HomeAway, em lugares mais interessantes", disse Martin por e-mail de Paris.

Em seu blog, Barefoot Lovey, Stacy Monday, de 50 anos, ex-funcionária de tribunal em Knoxville, no Tennessee, escreveu: "Eu costumava sonhar com todos os lugares que visitaria assim que tivesse idade suficiente para fugir. Mas então... a vida aconteceu". Em 1 de maio de 2010, embarcou em sua viagem de sonho. Ela "cruzou os Estados Unidos três vezes" e visitou México, Irlanda, França, Itália, Marrocos, Espanha e muitos outros países. "Vendi tudo que tinha", disse Monday. "Saldei minhas dívidas. Não tenho mais contas para pagar, nem dinheiro". Ela avalia que gasta agora $150 por mês e consegue uma renda modesta "fazendo bicos". Monday faz serviços como voluntária para organizações sem fins lucrativos em troca de cama e comida, e se hospeda de graça em lugares que descobre pelo Couchsurfing.org, que conta com 250.000 membros com idades acima dos 50. Ela diz que quando fala sobre sua vida com outras pessoas, a maioria das mulheres a encoraja, mas os homens são menos compreensíveis. "Eles me dizem: ‘Você deveria estar em casa. Isso não é seguro. Você já tem idade’".

Hal E. Hershfield, professor assistente de marketing na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, observa que muitos "pré-aposentados" ainda assumem que a aposentadoria é um "tipo de vida decrépito, só ficar sentado na varanda, talvez jogando golfe e tomando chá gelado". Mas os aposentados atuais estão "mudando a maneira de pensar, porque ainda são saudáveis e jovens no coração", acrescentou. Danila Mansfield, de 58 anos e seu marido, Chris Gill, de 64 anos, venderam a casa em San Jose, na Califórnia, no ano passado e livraram-se de quase tudo. Nem alugaram um depósito. Eles planejam ser voluntários em áreas de caça para proteger espécies em extinção e estudam o tubarão branco. Até agora, suas viagens superaram as expectativas, mas houve momentos difíceis. Uma doença respiratória aguda mandou Danila ao hospital 3 vezes. Em uma delas, ela chorou querendo ir para casa, mas melhorou o ânimo. "Digo sempre para mim mesma, ‘Meu lar é aqui. Meu lar é onde estou’".

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