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Katigbak, à esquerda, com Angela Lin em uma produção de “Futura” | William P. Steele/ The New York Times
Katigbak, à esquerda, com Angela Lin em uma produção de “Futura”| Foto: William P. Steele/ The New York Times

Na época em que frequentava o Barnard College (Nova York), nos anos 1970, a atriz Mia Katigbak era a única americana de origem asiática que estudava teatro ali. Os seus papéis, segundo ela, eram principalmente de “empregadas ou prostitutas”.

Um dia, o diretor do departamento a convidou para trabalhar numa comédia de Molière. Ela tocaria o cravo atrás de um biombo, “porque não havia asiáticos na França naquela época”.

Hoje ninguém mais a esconde atrás de um biombo. Nos últimos 25 anos, como cofundadora e diretora de produção artística da Companhia Nacional de Teatro Asiático Americano, em Nova York, Katigbak, 61, adotou como missão levar atores americanos de origem asiática para qualquer lugar onde o cânone teatral os possa conduzir.

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No último filme de Noah Baumbach, “Enquanto Somos Jovens”, Josh (Ben Stiller) e Cornelia (Naomi Watts), membros da Geração X, tentam desesperadamente recuperar a juventude. Então, eles são surpreendidos pela decoração do loft de seus novos amigos jovens e modernos, Jamie (Adam Driver) e Darby (Amanda Seyfried).

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A partir de 6 de julho, membros de sua companhia vão povoar um cortiço: sua aclamada produção de 2013 da peça “Awake and Sing!” (1935), de Clifford Odets, vai entrar em cartaz no Public Theater de Nova York. A peça acompanha um ano na vida de três gerações de uma família judaica. Atores asiático-americanos representarão os membros da família Berger, e a própria Katigbak será a matriarca, Bessie.

Além de seu trabalho como atriz, produtora, ativista e levantadora de fundos, Katigbak é coordenadora administrativa do Teachers College da Universidade Columbia, em Nova York.

C.S. Lee, que trabalhou no seriado “Dexter”, da Showtime, recorda-se de ter conhecido Katigbak nos anos 1990, numa época em que era difícil encontrar os papéis clássicos pelos quais ansiava. “Finalmente senti que alguém me apoiava. Eu tinha encontrado meu ‘clube’.”

Katigbak nasceu nas Filipinas e viveu cercada de músicos, dançarinos e atores. Uma apresentação de “West Side Story“ (“Amor, Sublime Amor”) nas Filipinas, com atores filipinos representando os membros das gangues rivais Jets (formada por brancos) e Sharks (hispânicos), despertou sua vontade de ser atriz. Aos 11 anos, ela se mudou para Nova York, onde atores asiáticos eram relativamente raros.

No final dos anos 1980, Richard Eng, outro ator, sugeriu que ela e ele formassem uma companhia de teatro. Seu propósito era encenar obras teatrais clássicas com um elenco asiático-americano.

“Dissemos ‘em dez anos, no máximo, as coisas vão mudar’.” Mudaram? “Na realidade, não”, respondeu Katigbak.

Ainda que asiático-americanos componham quase 12% da população de Nova York, um estudo constatou que atores desse grupo representam apenas de 1% a 4% dos papéis na Broadway.

Muitos atores falam da dificuldade de fazer audições para papéis que não sejam qualificados como multiétnicos e, às vezes, até para papéis que parecem ter sido escritos para asiáticos. Nos últimos anos, surgiram controvérsias quando atores brancos representaram personagens asiáticos, às vezes usando maquiagem para mudar sua cor de pele.

Katigbak canalizou essas frustrações em uma carta ao diretor artístico do Public Theater, Oskar Eutis, convidando-o a participar da encenação do revival de “Awake and Sing!”, para apresentar o trabalho da companhia a uma plateia mais ampla. Eutis aceitou o convite.

Mas os atores sabiam que teriam que tomar cuidado ao representar a experiência judaica, para evitar acusações de desapropriação cultural. O elenco está trabalhando com o diretor da peça, Stephen Brown-Fried, que é judeu, para aperfeiçoar as inflexões iídiches.

Para Katigbak, “se as pessoas nos acharem convincentes como uma família judaica e americana da década de 1930, talvez nos olhem com outros olhos da próxima vez.”

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