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Sala de espera do casting de “Spring Awakening” | Karsten Moran /The New York Times
Sala de espera do casting de “Spring Awakening”| Foto: Karsten Moran /The New York Times

Na Língua Americana de Sinais, uma canção pode ter o som de respiração, do toque de pele contra pele e, quem sabe, do som de passos, quando acompanhada de dança. Isso é, se você a canta a cappella.

Porém, nem todos que foram recentemente a uma agência de casting em Manhattan, respondendo a um anúncio pedindo atores surdos, se apresentaram sem acompanhamento musical.

Na esperança de ser chamado para o revival de “Spring Awakening” promovido pelo Deaf West Theater em Los Angeles, que será levado à Broadway em setembro, um rapaz apresentou “Summer Nights”, de “Grease”, ao som da canção em seu laptop. Outro apresentou “Same Mistake”, de James Blunt, com sinais, acompanhado por um pianista.

David J. Kurs, o diretor artístico do Deaf West, disse que a eloquência gestual era uma das principais qualidades que a equipe criativa buscava nos atores: saber comunicar-se de modo claro e articulado com sinais.

Como as pessoas que ouvem, disse ele, apenas alguns surdos conseguem acompanhar uma batida. Para eles, deixas visuais podem ser incorporadas ao espetáculo para indicar quando a música começa.

No entanto, a exigência principal foi a mesma que qualquer espetáculo requer de seus atores: a capacidade de se expressar. “Muitos atores surdos, e pessoas surdas em geral, na prática atuam desde que nasceram”, disse Kurs, falando por meio de um intérprete.

“Os surdos conquistam uma capacidade inata de explicar suas ideias por meio da linguagem corporal, do movimento.”

Há atores surdos e ouvintes em “Spring Awakening”.

A peça tem uma banda no palco, cujos membros fazem as vozes dos personagens representados pelos atores surdos.

O musical, de autoria de Duncan Sheik e Steven Sater, é uma história cheia de adolescentes nervosos, em pleno despertar da sexualidade, e de adultos que não os compreendem.

Depois das audições em Nova York, Sheik comentou que assistir a atores comunicando-se unicamente por movimentos, dotando sua performance de uma “fisicalidade rítmica”, foi educativo e o levou às lágrimas.

Na sala de audições, o ambiente era muito semelhante a qualquer outro desse tipo, exceto pelo fato de duas línguas diferentes estarem sendo faladas, uma delas em silêncio.

Um monólogo apresentado por uma jovem, de “Meu Primo Vinny”, era tão silencioso quanto o monólogo de uma adolescente em “Children of a Lesser God”, o outro espetáculo da Broadway que usou atores surdos, que ficou em cartaz por mais de dois anos no início dos anos 1980.

Uma das atrizes que participou dos testes foi Rita Corey, 61, de Maryland. Ela fundou a Musign Theater Company, que combinava música e língua de sinais. O tempo passou, mas ela continuou a sonhar com a Broadway.

“De repente, depois de passar 40 anos na esperança de fazer um show na Broadway, estou tendo esta oportunidade. Estou muito feliz!”, disse, com um sorriso radiante, movendo seus dedos com agilidade.

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