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Kim Jong-un reapareceu andando com uma bengala, e consta que ordenou a libertação de um americano | Rodong Sinmun/European Pressphoto Agency
Kim Jong-un reapareceu andando com uma bengala, e consta que ordenou a libertação de um americano| Foto: Rodong Sinmun/European Pressphoto Agency

Há semanas, agências de inteligência americanas estão intrigadas com o misterioso desaparecimento de Kim Jong-un, o ditador norte coreano. Agora Kim está de volta — com uma bengala na mão esquerda — e é a vez do departamento de estado quebrar a cabeça.

Uma série de gestos do líder norte-coreano, mais dramaticamente a recente libertação de um turista americano aprisionado, Jeffrey E. Fowle, aumentou as esperanças de que, depois de anos de retórica belicosa, pontuados por testes periódicos de mísseis, Kim estaria em busca de algum tipo de aproximação com os Estados Unidos e seus aliados.

Essa é uma ofensiva em muitas frentes: a Coreia do Norte, inesperadamente, enviou uma delegação à Coreia do Sul para assistir à cerimônia de encerramento dos Jogos Asiáticos. Despachou um enviado para a União Europeia para informar que há interesse no diálogo e outro para o Conselho de Relações Exteriores, em Nova York.

A Coreia do Norte disse que Kim havia pessoalmente ordenado a libertação do Fowle após considerar as solicitações do Presidente Obama.

"Essa é uma atitude do próprio Kim Jong-un, ou de pessoas à sua volta dizendo: ‘Temos que mudar esse paradigma, porque não está funcionando’", disse Joseph R. DeTrani, antigo oficial da CIA especializado na Coreia do Norte e que agora é o Presidente da Aliança de Inteligência e Segurança Nacional, um grupo da indústria.

O Secretário de Estado John Kerry notou a mudança nos círculos diplomáticos. Em uma recente visita à Alemanha, ele disse: "Esperamos que a dinâmica se desenvolva nas próximas semanas, ou talvez meses, quando poderemos voltar às conversações".

Oficiais americanos minimizaram qualquer sugestão de que os Estados Unidos viram uma abertura. A política da Coreia do Norte, eles disseram, não mudou: não haverá nenhum retorno às negociações a menos que Pyongyang se comprometa a abdicar de seu arsenal nuclear.

Embora os Estados Unidos tenham ganho a liberdade de Fowle, que foi preso enquanto tentava deixar a Coreia do Norte depois de se esquecer de pegar sua Bíblia, eles ainda exigem a liberação de dois outros americanos.

Adivinhar as intenções da Coreia do Norte, é claro, é um jogo de malucos. É impossível saber se Kim está tentando outra série de ofensivas que acabam não dando em nada, ou se está buscando uma mudança genuína nas relações da Coreia do Norte com o mundo.

Mesmo assim, suas ações poderiam reanimar o debate sobre a política da Coreia do Norte na Casa Branca, que está adormecido desde 2012, quando os Estados Unidos tentaram brevemente costurar um malfadado acordo com Pyongyang. A administração retomou sua política, conhecida como "paciência estratégica", que pode ser resumida em uma tentativa de se sobrepor ao regime sem garantias de concessões e permanecer em sintonia com os seus vizinhos.

O problema é que esses países também podem estar suavizando suas posições. A Coreia do Sul deu as boas vindas ao oficial número dois da Coreia do Norte, Hwang Pyong-so, quando este compareceu aos Jogos Asiáticos. O Primeiro-Ministro do Japão, Shinzo Abe, vem tentando conversações diretas com Pyongyang sobre a questão dos cidadãos japoneses que foram sequestrados pela Coreia do Norte nas décadas de 70 e 80. A China encoraja os Estados Unidos a manterem o diálogo com a Coreia do Norte, mesmo com os problemas que o Presidente Xi Jinping enfrenta com o jovem ditador vizinho.

"O missionário americano é um peão de um jogo maior," disse Michael J. Green, que foi conselheiro de assuntos asiáticos durante a administração Bush. A liberação de Fowle, ele disse, "pode ter ocorrido para acalmar os americanos na tentativa de retomar as conversações com menos restrições, que Pyongyang argumentará ser a aceitação de seu novo status de armas nucleares".

Como muitos observadores da Coreia do Norte, Green disse duvidar que Kim possa desistir de suas armas nucleares. Dado o pouco que se sabe sobre Kim, a única resposta cabível é esperar — não que isto vá evitar as teorias de observadores.

Joel S. Wit, fundador do 38North, site que segue o país, disse, "É incrível como todas essas pessoas que falam sobre como a Coreia do Norte é misteriosa parecem ter certeza do que estão fazendo".

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