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A pintura mostrava soldados japoneses levando moças que haviam sido forçadas a trabalhar em bordéis militares do Japão para um poço ardente. Ao ver a obra, o cineasta coreano Cho Junglae disse ter ficado chocado — e inspirado a realizar um filme sobre as chamadas mulheres de conforto da Segunda Guerra Mundial, muitas das quais nunca voltaram para casa.

O projeto do filme ficou indefinido por mais de uma década enquanto Cho, agora com 41 anos, lutava para encontrar financiamento. Potenciais investidores e amigos lhe pediam para não fazê-lo, contou ele em uma entrevista recente. Outros expressaram reservas sobre o assunto, que ainda é considerado um tema tabu na conservadora sociedade da Coreia do Sul.

“Spirits’ Homecoming” (Espíritos que voltam para casa) conta a história de duas meninas coreanas que são sequestradas por soldados japoneses e forçadas a trabalhar no que ficou conhecido como postos de conforto. Depois que uma delas morre, as duas amigas têm um reunião espiritual anos mais tarde com a ajuda de um xamã.

Porém, o destino do filme mudou nos últimos anos, quando nacionalistas japoneses de extrema-direita se tornaram mais incisivos em sua exigência que o Japão reavalie seus pedidos de desculpas por suas ações em tempo de guerra. Essa atitude ajudou a renovar a longa disputa entre japoneses e as nações da região sobre a culpa do país durante a Segunda Guerra, gerando indignação do público coreano e aumento o apoio a projetos como o de Cho.

Agora, após mais de uma década no limbo, o filme “Spirits’ Homecoming” vai continuar a ser filmando. Cho planeja lançá-lo até 15 de agosto, a tempo para o 70« aniversário da rendição do Japão na guerra.

Cho levantou cerca de US$500 mil, mas precisa de aproximadamente US$ 2,5 milhões.

Para escrever o roteiro de “Spirits’ Homecoming”, o diretor se baseou em registros e histórias contadas a ele por sobreviventes, de quem ele acabou se aproximando durante o tempo em que trabalhou como voluntário em uma casa de repouso nos arredores de Seul, onde viviam dez mulheres que trabalharam em bordéis.

O filme é parte de um incentivo mais amplo da Coreia do Sul e de coreanos-americanos para manter a questão no centro das atenções, bem como para resolver velhas disputas com o Japão.

A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, em um discurso de comemoração do 96« aniversário da revolta da Coreia contra o domínio colonial japonês, insistiu que o Japão deveria fazer justiça para as restantes 50 senhoras sul-coreanas que foram “mulheres de conforto”, cuja idade média hoje, ela disse, está perto de 90. Durante anos, a Coreia do Sul exigiu que o governo do Japão emitisse um pedido de desculpas formal e compensasse as mulheres.

“O tempo para restaurar a dignidade de suas vidas está acabando”, ela disse.O Japão, que governou a Coreia como uma colônia de 1910 até o fim da segunda guerra mundial em 1945, classifica essas exigências de irracionais. “Como mulher, sinto que essa história precisa ser contada”, disse a atriz Son Sook.

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