Enquanto o governo indonésio fez pouco caso do recente salão aeronáutico realizado ali, o principal fabricante militar indonésio o usou como uma espécie de festa de debutante, com funcionários vestindo macacões de voo laranja para cortejar possíveis compradores.
Para a estatal Indonesian Aerospace, a exibição representa uma nova onda de otimismo para o setor militar da Indonésia.
O segmento militar indonésio quase quebrou no final da década de 1990, quando a economia do país sofreu retração de 16 por cento. Os militares também sofreram quando os Estados Unidos impuseram a proibição de venda de armas ao país depois de violações flagrantes aos direitos humanos no Timor Leste em 1999. A proibição só veio a ser revogada em 2010.
Um dos principais motivos para o retorno agora é o presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, que prometeu modernizar as forças armadas e praticamente quadruplicou o orçamento de armas para mais de US$ 8 bilhões desde que assumiu o cargo em 2004. Segundo a lei de 2012, os militares indonésios devem comprar armas de fornecedores domésticos, com raras exceções.
Eventos internacionais estão oferecendo mais oportunidades para os fornecedores militares indonésios venderem equipamentos militares e civis. A Indonesian Aerospace, também conhecida como Dirgantara Indonesia, promoveu a aeronave CN-235, destinada a patrulha marítima e operações contra submarinos, a um preço superior a US$ 26 milhões, na exposição de Singapura, da qual a Indonésia se retirou por causa de um litígio diplomático. A empresa fechou acordo com a Airbus Helicopters para promover e vender aeronaves no sudoeste asiático e realizar a manutenção para os clientes, afirmou Budiman Saleh, diretor de vendas e restruturação da companhia.
"Estamos trabalhando de perto com nossos amigos de países europeus e os Estados Unidos para ganhar campanhas de vendas nesta região", declarou Budiman.
Empreiteiras estão negociando acordos com fornecedores militares de vários países visando à produção conjunta de armas para que a Indonésia tenha acesso à tecnologia avançada. A Indonesian Aerospace está construindo um caça em conjunto com a Coreia do Sul. E o governo aceitou vender dois aviões polivalentes para a Força Aérea das Filipinas por US$ 18,1 milhões, com outros seis em produção, garantiu Budiman.
Em 2012, o governo indonésio injetou um total de três trilhões de rupias, aproximadamente US$ 250 milhões, na Indonesian Aerospace e na PAL Indonesia, construtora naval, para atualizar fábricas e transformar dívidas em capital acionário. A esperança é de que a política de reforma traga novas e maiores transações para o segmento de armas. Por exemplo, a Pindad, outra estatal fabricante de armas, registrou lucro de 80 bilhões de rupias em 2012 e projetava lucro de 90 bilhões de rupias em 2013.
"Acho que é uma boa oportunidade para a indústria da defesa", afirmou Wahyu Utomo, diretor da Pindad. "Nós podemos administrar nossos recursos e dinheiro, se conhecermos o programa de gastos em longo prazo das Forças Armadas indonésias. Nossa orientação tem sido essa."



