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Jimmy Page, fundador do Led Zeppelin, está remasterizando os trabalhos da banda de rock | Damon Winter/The New York Times
Jimmy Page, fundador do Led Zeppelin, está remasterizando os trabalhos da banda de rock| Foto: Damon Winter/The New York Times

Recentemente em Boston, para fazer o discurso inaugural do Berklee College of Music, Jimmy Page, fundador do Led Zeppelin, descobriu que a faculdade tinha um curso no qual seus licks de guitarra eram analisados minuciosamente. Para Page, que completou 70 anos em janeiro, o encontro o fez lembrar não apenas de seu status elevado entre os guitarristas, mas das aplicações práticas de um projeto que ocupou sua atenção ao longo dos últimos três anos. Ele está remasterizando todo o catálogo de nove álbuns de estúdio do Led Zeppelin para ilustrar como a banda criou muitas das canções que definiram o rock dos anos 1970. "Eu sabia que isso ia custar tempo e que envolveria centenas de horas de gravações", afirmou em uma entrevista concedida mais tarde em Nova York. "Tive que ouvir tudo, todos os bootlegs que estão por aí também. Queria ter certeza de que o trabalho está bem feito, e tenho até medo de pensar no que teria sido feito se eu não estivesse por aqui".

A seguir, alguns trechos da entrevista, condensada e editada:

P. Por que você está fazendo isso? Os cínicos certamente irão dizer que você é só mais uma estrela do rock clássico tentando tirar um trocado, mas todo mundo sabe que você está em uma situação confortável. Portanto, é óbvio que suas razões são diferentes. Qual é sua motivação?

R. As fitas analógicas originais do Led Zeppelin foram feitas para o vinil. Então eles fizeram os CDs a partir das fitas analógicas originais, e o resultado não ficou muito bom, preciso dizer. Os CDs tinham um som terrível para mim nos primeiros dias. Eu sabia que poderia ficar mais bem feito, por isso a gente fez a remasterização para CD. Mas já se passaram 20 anos. Então você pensa em todos esses formatos de áudio que existem por aí. Existem vários formatos digitais e, com isso, ficou claro que era preciso fazer uma nova masterização para cada formato.

P. Eu imagino que você também esteja pensando em seu legado.

R. Sem dúvida, tenho consciência disso. Tenho perfeita noção do que isso seria como um manual para outros músicos. É como se estivesse passando o bastão, por assim dizer. Isso faz parte do contexo geral.

P. No filme "A Todo Volume", você fala sobre como, na época em que era músico de estúdio, os diretores musicais não se importavam quando você acrescentava um riff na melodia de uma música. Quando você percebeu que esse riff poderia ser a música, ou ao menos gerar novas canções. Afinal essa é uma de suas marcas registradas.

R. Ah, sim, o poder dos riffs. Eu diria que isso começou já nos meus anos de formação, quando eu tentava aprender com os discos de blues. Realmente levei isso muito a sério. A intensidade de um riff obscuro – sem dúvida isso veio do blues de Chicago.

P. Depois de ficar trancado no estúdio por três anos, você sente a necessidade de tocar ao vivo?

R. Sem dúvida, sem dúvida. Eu realmente quero tocar ao vivo. Porque, sabe, ainda tenho energia. Ainda sei tocar. Então, vou retomar minha boa forma musical e me concentrar na guitarra.

P. Sendo assim, quando você voltar aos palcos, vai ser com o Led Zeppelin?

R. No ano passado eu fiquei sabendo que o Robert Plant disse que não faria nada em 2014, e o que os outros dois pensam? Bom, ele sabe o que os outros dois pensam. Eu não canto. No fim das contas, parece improvável, né?

P. Existem muitos formatos diferentes em que consigo imaginar você tocando ao vivo.

R. Minhas ideias não acabaram. Portanto, vamos esperar que em algum momento do ano que vem eu esteja tocando por aí. Essa é a única coisa que falta. A gente tem que fazer algumas coisas na vida, e isso é o que precisamos.

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