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 | Michael Friberg para The New York Times
| Foto: Michael Friberg para The New York Times

Quando era menino em um rancho de 60.000 hectares aqui nas remotas montanhas desérticas, Mark Wintch iria vibrar ao ver uma rara tropa de cavalos selvagens levantando poeira e desaparecendo no horizonte. "Agora existem muitos" disse Wintch, de 38 anos, ao dirigir seu caminhão através de terras públicas que sua família cultiva desde 1935. "Olha lá. Não dá nem para ver uma folha de grama."

Os planos do governo federal não preveem cavalos aqui. "Contei 60 ontem", disse Wintch. "Se eu puser minhas vacas aqui, eles morrem de fome."

Cavalos selvagens podem ser um símbolo da liberdade americana no velho oeste. Mas no novo oeste, eles estão protegidos por lei federal e controlados por um sistema desconcertante à beira de uma crise.

Há duas vezes mais cavalos selvagens no oeste do que as terras federais podem sustentar. Durante décadas, o Bureau de Gerenciamento da Terra punha os cavalos em excesso em helicópteros e os deixava em um sistema de fazendas particulares e de confinamento. Mas agora há quase 50 mil cavalos e o sistema está lotado e sem dinheiro. Em resposta, a agência reduziu drasticamente seu número de animais, deixando os cavalos livres para se multiplicarem.

O Bureau diz que as pastagens do oeste podem sustentar cerca de 26.000 cavalos selvagens. Existem hoje 48 mil. Em cinco anos, pode haver mais de 100 mil, de acordo com projeções da agência.

"É um problemão", disse Robert Garrott, professor de Gestão de Vida Selvagem e Ecologia na Universidade Estadual de Montana. "Estou preocupado pois estamos entrando em uma situação intratável que irá danificar a terra por décadas."

Se não forem controladas, populações de cavalo poderiam dizimar o pasto e a água de terras públicas, ele disse, potencialmente levando à inanição de cavalos e outras espécies nativas, além de processos de pecuaristas e grupos de defesa de animais selvagens.

Wintch e outros fazendeiros locais processaram o governo federal em abril, exigindo a remoção do excesso de cavalos selvagens.

Enquanto alguns pecuaristas e políticos pressionavam pelo abate dos cavalos confinados para liberar dinheiro e espaço para uma nova leva, Garrott disse que a ideia provou ser tão controversa que o Bureau de Gerenciamento da Terra e o Congresso repetidamente se opuseram à medida.

"Cavalos são tão amados em nossa sociedade que ninguém quer tomar uma decisão difícil", disse Garrott.

Cavalos selvagens hoje são descendentes de cavalos desgarrados dos índios americanos, bem como de fazendas mais recentes. Eles são protegidos por lei federal desde 1971. Durante 25 anos, o Bureau de Gerenciamento da Terra pagava empreiteiros para abrigar cavalos em confinamentos privados e pastos que se estendiam por vários Estados, o que agora custa quase US$ 50 milhões por ano.

O projeto de lei minou a capacidade do programa para fazer mais. Como resultado, a agência diminuiu os rebanhos este ano em quase 80 por cento.

Pecuaristas no Wyoming ganharam uma ação em meados deste ano que forçou a agência a remover cavalos de terras públicas e privadas, a leste de Rock Springs. Embora a agência tenha pouco espaço para armazenamento, foi forçada a reunir quase 900 cavalos em setembro.

"Durante anos, avisamos que eles estavam a caminho de uma crise, e ela está aí agora", disse Ginger Kathrens do grupo de defesa dos cavalos, o Cloud Foundation.

Grupos de defesa dizem que o problema da superpopulação é exagerado. Mas concordam que a prática de remoção e confinamento de cavalos é insustentável.

Durante décadas, esses grupos de defesa e a Academia Nacional de Ciências recomendaram o uso de contraceptivos. Mas a agência disse ser muito difícil administrar esse tipo de medicamento

Como muitos pecuaristas, Tammy Pearson se pergunta por que milhares de cavalos em confinamento não poderiam ser abatidos e a carne usada de algum modo.

"A situação que temos agora é meio louca. As pessoas acreditam que os cavalos devem ser livres, e que quando estão livres, estão bem, mas não é verdade", ela disse.

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