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Toby toma água em seu camarim no teatro Ethel Barrymore | nicole bengiveno/The New York Times
Toby toma água em seu camarim no teatro Ethel Barrymore| Foto: nicole bengiveno/The New York Times

O elenco não gostou muito de saber com quem teria que contracenar no novo espetáculo da Broadway. Afinal, não é comum dividir o palco com uma ratazana viva.

"A ideia de um rato não era exatamente familiar para mim", disse Alex Sharp, que faz o papel do protagonista da peça. "Era só uma coisa que você via no metrô e que tem doenças."

Mas Toby, o nome da ratazana criada pelo adolescente autista que é o personagem principal de "The Curious Incident of the Dog in the Night-Time" [O curioso incidente do cão durante a noite], conseguiu conquistar o carinho do público e do elenco —a tal ponto que o papel do roedor foi ampliado. "Ela é uma ratazana especial", disse Benjamin Klein, diretor-associado da peça, que estreou em outubro com elogios da crítica.

Toby, uma afável ratazana albina de nove meses, cativou o elenco e a equipe técnica.

"Sou agora simplesmente a criada de um rato —sou a governanta do rato", disse Lydia DesRoche, treinadora de Toby, que se tornou uma espécie de secretária para assuntos sociais, sempre de olho em Toby enquanto ela interage com atores e técnicos nos bastidores do Teatro Ethel Barrymore.

"As pessoas vêm me visitar depois do espetáculo apenas para conhecer a Toby."

Toby é ainda mais popular do que o Dr. Watson, cãozinho golden retriever que também aparece na peça. "Ela faz com que estar nos bastidores seja uma experiência completamente diferente", disse Francesca Faridany, que interpreta uma especialista em educação especial que dá aulas a Christopher Boone, o adolescente britânico que é o protagonista.

DesRoche, que dirige um serviço de treinamento canino chamado Sit Stay, tem como trabalho preparar animais para o palco, mas nunca havia trabalhado com ratos. "Eu ficava apavorada com eles, corria berrando quando um rato cruzava o meu caminho", disse ela. "Mas eu queria o emprego, e, se isso exigisse encostar em um rato, eu encostaria."

DesRoche adotou Toby em setembro, na instituição Social Tee Animal Rescue, no bairro do East Village, em Nova York.

"Eles me contaram que ela iria virar" —nesse momento ela tapa as orelhinhas de Toby com as mãos e sussurra— "comida de cobra".

Toby inicialmente tinha medo das pessoas e não se aventurava a sair da sua gaiola, contou DesRoche, que começou tratando de pouco a pouco deixar Toby mais confortável ao ser manipulada.

Ela disse que treinou Toby "da mesma forma como treinaria um cachorro".

DesRoche leva Toby para casa nos finais de semana, mas nas demais noites ela vai para a casa de técnicos e atores do elenco. Cuidadores não faltam —os profissionais com filhos pequenos geralmente têm prioridade.

Sharp, que inicialmente ficou perturbado com a presença de Toby, diz agora que "ela é uma rata adorável e limpa, como um cachorrinho".

"No começo ela só ficava na gaiola, e era essa a nossa relação", acrescentou o ator.

"Aí me convenceram a levá-la para casa. Toby é uma dos melhores amigos de Christopher, por isso é muito importante que ambos se deem bem".

Como convém ao seu status, Toby tem um camarim, que ela compartilha com Dr. Watson.

Dentro, há lâmpadas ao redor dos espelhos e rosas frescas na bancada de maquiagem (Toby gosta de mordiscar rosas). Além disso, sobre a bancada há um tubo longo, que serve para correr, e um copo com água, no qual ela sobe e onde quase mergulha ao beber.

A gaiola nessa sala é uma formalidade, já que Toby fica solta.

"Quando contamos ao elenco que teríamos um rato de verdade", disse Klein, "as pessoas não ficaram muito entusiasmadas". Mas agora, acrescentou ele, Toby "é a nossa estrela".

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