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Telas de LCD no aeroporto de Sundsvall permitem uma visão de 360 graus da pista de Ornskoldsvik, a 160 km de distância | Casper Hedberg para The New York Times
Telas de LCD no aeroporto de Sundsvall permitem uma visão de 360 graus da pista de Ornskoldsvik, a 160 km de distância| Foto: Casper Hedberg para The New York Times

De seu posto solitário dentro da torre de controle, Per Granquist pode observar o futuro nos dias claros.

Trata-se da visão de um mastro de dez metros onde uma torreta cinza abriga várias câmeras de vídeo, antenas de comunicação, sensores e microfones. O sistema foi projetado para coletar e integrar informações do tipo que Granquist, 40, fornece há 17 anos com seus próprios olhos e ouvidos como controlador de tráfego aéreo neste pequeno aeroporto sueco.

As informações dessa coleta de dados são enviadas por cabo de fibra óptica para outro local —uma sala sem janelas em outro aeroporto, 160 quilômetros ao sul, na cidade de Sundsvall, que é maior.

No começo do ano que vem, Granquist e alguns de seus colegas esperam se mudar para Sundsvall, onde orientarão "virtualmente" os voos que pousam e decolam em Ornskoldsvik, cerca de meia dúzia por dia.

Ornskoldsvik está prestes a se tornar o primeiro aeroporto do mundo controlado remotamente.

"No começo parecia esquisito", disse Granquist sobre seu treinamento no novo sistema. Em Sundsvall, em vez de examinar o aeroporto através do vidro das janelas, Granquist ficará sentado diante de uma parede semicircular formada por mais de uma dezena de monitores de cristal líquido de 55 polegadas. "Mas após duas semanas", acrescentou, "não parece diferente de ficar sentado aqui".

Encravada em uma floresta de pinheiros do Ártico, na costa leste da Suécia, Ornskoldsvik pode parecer um lugar improvável para uma revolução aeronáutica. Mas autoridades de dezenas de países já visitaram o aeroporto para observar uma tecnologia que, para muitos, irá transformar a gestão do tráfego aéreo no mundo todo.

É um conceito que os especialistas dizem ter utilidade não só para rincões afastados, mas também para ampliar a eficiência e segurança de aeroportos urbanos, onde o controle aéreo demanda cada vez mais dos controladores humanos. "Este será o próximo grande passo para o setor", disse Paul Jones, gerente de operações da Nats, empresa que presta serviços de navegação para Heathrow e outros aeroportos britânicos. "Um dia isso poderá substituir quase completamente as tradicionais torres visuais de controle."

Cidades remotas como Ornskoldsvik —55 mil habitantes— são grandes o suficiente para justificar serviços mínimos regulares de companhias aéreas e uma torre de controle. Ainda assim, como há apenas algumas aterrissagens e decolagens por dia, os controladores costumam passar a maior parte do expediente monitorando o clima ou preenchendo a papelada do serviço. Os controladores da Suécia ganham em média 77 mil dólares por ano em salário, e os benefícios elevam o custo para 140 mil dólares.

Por esse motivo, a Administração Sueca da Aviação Civil (LFV, na sigla em idioma local) começou a explorar a ideia de concentrar os controladores em um único lugar, para guiar os voos remotamente.

Em 2006, a agência convidou o grupo sueco de tecnologia e aeronáutica Saab para desenvolver um protótipo.

Três anos atrás, quando ouviu falar pela primeira vez a respeito de um plano para a operação remota da torre de Ornskoldsvik, Granquist ficou aborrecido com a perspectiva de precisar se mudar para Sundsvall com sua família. Mas, desde então, sua relutância se transformou em impaciência —e em entusiasmo com as possibilidades de carreira. "Vai ser legal ter alguns colegas", disse.

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