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 | Fotografias de Guy Frederick para The New York Times
| Foto: Fotografias de Guy Frederick para The New York Times
  • Negócios que dependem de turistas, como a padaria de June Hurford, preocupam-se com as mudanças climáticas
  • Na Ilha do Sul, chegar até geleiras agora requer helicóptero

Esta cidade de cerca de 300 habitantes tira proveito de sua xará: uma montanha gigante de gelo e neve a curta distância da rua principal. Caminhadas guiadas na geleira começaram aqui em 1928 e são a principal razão da popularidade da área como destino de viajantes internacionais.

Mas uma operadora turística local, a Fox Glacier Guiding, não consegue mais levar os turistas a pé até o gelo desde abril, quando o derretimento da geleira fez um rio mudar seu curso, bloqueando o acesso à popular trilha de caminhadas. Na outra geleira, a cerca de 20 quilômetros de distância, a operadora Franz Josef Glacier Guides perdeu acesso às trilhas em 2012, também por conta do derretimento do gelo.

Agora, o helicóptero é a única maneira de se chegar às geleiras, que se encontram na confluência dos Alpes do Sul e do Mar da Tasmânia, na costa oeste da Ilha Sul da Nova Zelândia. Como resultado, as duas empresas têm feito dos passeios de helicóptero seu principal produto, aumentando as vendas das operadoras de helicóptero locais.

Em todo o mundo, a mudança climática está tendo efeitos econômicos desiguais para operadoras de turismo cujos negócios dependem de gelo e neve.

Por exemplo, algumas estações de esqui sofrem ao mesmo tempo em que outras se beneficiam, pois se encontram em maiores altitudes e, portanto, são menos vulneráveis ao derretimento da neve, disse Daniel Scott, geógrafo da Universidade de Waterloo, no Canadá.

No Peru, se a geleira Pastoruri, que encolhe rapidamente, desaparecer, os turistas podem levar seus negócios — normalmente cerca de US$15 por pessoa para um passeio pela geleira — para lugares onde o gelo glacial ainda está acessível, disse Carlos Ames, da Aventura Quechua, uma agência de guias na cidade montanhosa de Huaraz. Mas, ele disse, o derretimento da Pastoruri criou novos postos de trabalho para guias a cavalo e em mulas, porque alguns turistas acreditam que não conseguem concluir a longa caminhada na geleira sem ajuda.

Na Nova Zelândia, onde a maioria dos 4,4 milhões de habitantes vive em duas ilhas principais, o turismo diretamente representou 3,7 por cento do produto interno bruto do ano fiscal terminado em 31 de março de 2013, ou US$ 5,7 bilhões na taxa de câmbio atual, de acordo com dados do governo. Um estudo de 2007 encomendado pela Development West Coast, uma organização sem fins lucrativos na cidade costeira de Greymouth, estimou que o turismo relacionado às geleiras na bela costa oeste da Ilha do Sul contribuiu diretamente com pelo menos US$ 77 milhões por ano para a economia local.

Duas das geleiras da região, a Fox e a Franz Josef, aumentaram várias vezes desde que foram medidas pela primeira vez, mais de um século atrás, de acordo com dados científicos. Mas ambas diminuíram mais nos últimos cinco anos do que aumentaram nos últimos 25, e os cientistas preveem que o derretimento vai continuar.

"Não há dúvida de que o derretimento é causado pela mudança climática", disse por e-mail Brian Anderson, glaciologista da Universidade Victoria, em Wellington.

Em uma pesquisa acadêmica de 2014 sobre o turismo na região das geleiras na Nova Zelândia, cerca de dois terços dos entrevistados disseram que mesmo assim viajariam para a área da Fox e da Franz Josef, mesmo que as geleiras fossem acessíveis apenas pelo ar.

Bede Ward é gerente geral da Glacier Explorers, que oferece passeios de barco em um lago perto da Geleira Tasman na Ilha do Sul. Ele disse que o número de seus clientes anuais havia subiu nos últimos seis anos, de 7 mil para 25 mil, principalmente porque os turistas querem ver pedaços da geleira se soltando e caindo dentro do lago.

"Acho que dá para dizer que o aquecimento global está tendo um efeito positivo para a Glacier Explorers", disse Ward por e-mail.

Mas na Franz Josef Glacier Guides, o número de funcionários encolheu de 60 para 35 desde 2012, de acordo com Craig Buckland, gerente de operações da empresa. Rob Jewell, presidente-executivo da Fox Glacier Guiding, disse que a perda de acesso para as caminhadas desde abril prejudicou bastante seu negócio.

Em uma manhã recente, Smitha Murthy e Keerthy Prasad, engenheiros de software da Bangalore, na Índia, estavam explorando a geleira Fox como parte de sua viagem de lua de mel de 11 dias pela Nova Zelândia.

Depois de uma curta viagem de helicóptero, os dois, de olhos arregalados, atravessavam um desfiladeiro com paredes de gelo de 7,5 metros.

Prasad, de 29 anos e Smitha, de 24, não se arrependeram de ter pagado US$300 cada.

Prasad disse: "É uma experiência única na vida."

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