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Em apenas quatro anos, o Uber iniciou a nova indústria global de carona compartilhada, com a promessa de transformar o transporte urbano e ajudar muitas pessoas a viver sem possuir um carro.

Mas agora a startup está enfrentando seu maior desafio — domar seus impulsos, antes que sua cultura agressiva comece a afastar investidores, funcionários e clientes.

O BuzzFeed revelou recentemente que um executivo do Uber sugeriu investigar a vida privada de jornalistas que criticam a empresa, e essa era apenas a mais recente notícia pouco lisonjeira sobre as táticas da empresa.

O Uber tornou-se uma das startups mais valiosas do Vale do Silício, presente em todo o mundo. Arrecadou aproximadamente US$ 1,5 bilhão, está avaliado em mais de US$ 17 bilhões, e há conversas sobre uma oferta pública.

A cultura agressiva do Uber pode ser uma característica das startups, mas fomentar essa cultura pode rapidamente se tornar uma aposta perdedora.

"Quanto mais histórias sobre o mau comportamento do Uber aparecem — quer seja sobre o modo com que concorre com rivais, ou o fato de que um executivo aventou a hipótese de investigar jornalistas — maior o risco de que isso comece a se tornar a principal assunto sobre a empresa, em vez do grande serviço que fornece, ou seus baixos preços", disse Jan Dawson, analista do setor.

Travis Kalanick, executivo-chefe do Uber, publicou uma série de posts no Twitter se desculpando por seu funcionário, Emil Michael, que fez os comentários sobre os jornalistas. O futuro de Michael na empresa não foi mencionado.

Empresas de tecnologia vivem e morrem por sua cultura; o sucesso ou o fracasso é determinado menos pela proeza tecnológica do que pelos valores e comportamento das pessoas que trabalham lá.

Isso pode ser particularmente verdadeiro para o Uber: ele não tem carros, seus motoristas não têm contrato e podem facilmente trabalhar para serviços rivais e seus clientes estão a apenas um gesto de algum outro serviço.

O Uber recebeu recentemente acusações de vários tipos. No último Reveillon, um motorista atropelou uma família de imigrantes em San Francisco, matando um menino de 6 anos, o que acarretou um processo. Também houve várias acusações de motoristas que abusaram sexualmente de passageiras. Alguns motoristas protestaram sobre os seus salários e condições de trabalho. E em meados deste ano, The Verge relatou que o Uber fazia campanha para recrutar motoristas de seu rival, o Lyft.

Kalanick disse depois à revista Vanity Fair que também tentou entravar financiamentos do Lyft ao dizer a capitalistas que quem investisse no Lyft poderia ser proibido de investir no Uber.

Alguns passageiros se preocupam se a empresa protege a privacidade dos usuários — se um empregado pode rastrear onde você foi e com quem. O Uber diz que tem uma política proibindo funcionários e motoristas de investigar os hábitos dos passageiros.

Mesmo assim, as novas revelações poderiam aumentar esse medo. O fato de um executivo ter pensado que seria bom revelar um plano de espionagem faz você se perguntar se algo é considerado fora dos limites no Uber — e isso pode ser o tipo de preocupação que tuítes de desculpa não resolvem.

"Estamos todos pensando se este será o momento em que perceberão que precisam fazer uma mudança," disse o empresário Mark Rogowsky.

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