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Saia- justa

No Chile, Obama evita pedir desculpas por golpe de 1973

Pego de surpresa por jornalista, norte-americano apenas se comprometeu a colaborar com investigações sobre morte de ex-presidente

Piñera (direita) e Obama, com as primeiras-damas, Cecilia Morel (direita) e Michelle, durante encontro em Santiago | Jason Reed/Reuters
Piñera (direita) e Obama, com as primeiras-damas, Cecilia Morel (direita) e Michelle, durante encontro em Santiago (Foto: Jason Reed/Reuters)
Em protesto contra a visita de Barack Obama, grupo de chilenos faz ironia com a imagem do presidente norte-americano |

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Em protesto contra a visita de Barack Obama, grupo de chilenos faz ironia com a imagem do presidente norte-americano

Santiago - O presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, evitou on­­tem dar uma desculpa pública aos chilenos pela responsabilidade que os EUA tiveram no golpe de Estado desfechado em 1973 pelo general Augusto Pinochet contra o presidente Salvador Allende.

Obama disse, contudo, estar disposto a entregar ao Chile informações que Washington possua sobre a suspeita morte do ex-presidente chileno Edu­­ardo Frei, que faleceu em 1982 sob circunstâncias misteriosas, após uma simples cirurgia. Frei governou o Chile antes de Allende.

Obama não respondeu a uma pergunta sobre o pedido de desculpas. Setores políticos e sociais do Chile pediram que a administração norte-americana se desculpe pelo apoio dos EUA ao golpe e ao governo de Pinochet.

Fidel

O ex-presidente cubano Fidel Castro questionou em ar­­tigo publicado ontem se Obama estaria disposto a apresentar um pedido de desculpas ao Chile, durante sua visita ao país sul-americano, pelo apoio de Wa­­shington ao golpe de Estado de 1973. Pinochet, após derrubar Allende, governou o Chile com mão de ferro até 1990.

"Restaria apenas fazer uma pergunta a Obama. Levando-se em conta que um de seus ilustres predecessores, Richard Nixon (1968-1974), promoveu o golpe de Estado e a morte heroica de Salvador Allende, as torturas e o assassinato de milhares de pessoas, pedirá o senhor Obama desculpas ao povo chileno?", questionou Fi­­del.

"A história dos Estados Unidos às vezes é extremamente difícil", disse Obama na coletiva, recusando-se a falar sobre as políticas do passado de Washington.

Wikileaks

Obama se disse disposto a entregar qualquer informação que os EUA possuam sobre a morte de Frei. "Qualquer pedido feito pelo Chile certamente será considerado e queremos colaborar", afirmou Obama.

De acordo com investigações do judiciário chileno, Frei morreu em um hospital de Santiago, supostamente envenenado por agentes da polícia secreta de Pinochet. Um telegrama diplomático publicado recentemente pelo website WikiLeaks, não desmentido, revelou que a Embaixada dos EUA em San­­tiago teve informações sobre o caso.

Já o presidente do Chile, Sebastián Piñera, evitou qualquer questão polêmica e preferiu se concentrar na importância da visita de Obama ao Chile. Antes do discurso e da coletiva, Obama teve uma reunião com os ex-presidentes chilenos Patricio Aylwin, Eduardo Frei Ruiz-Tagle (filho do ex-presidente morto em 1982) e Ricardo Lagos, os quais, junto à ex-presidente Michelle Bachelet, governaram o Chile após a restauração da democracia em 1990.

Protestos

Obama chegou ontem a Santiago, vindo do Brasil. No momento da chegada do presidente dos EUA e da sua família ao Palácio La Moneda, no centro de Santiago, dois jovens gritaram contra Obama Um deles, identificado apenas como "Leonardo", disse que Obama "é prêmio Nobel da Paz e mantém o planeta inteiro sitiado". A polícia afastou os jovens do local, mas não os deteve.

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