Número 2 da Al-Qaeda chama Obama de "homem sem honra"

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Ayman al-Zawahiri, número 2 na hierarquia da rede terrorista Al-Qaeda, qualificou o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, como um "homem sem honra", segundo uma nova mensagem de áudio divulgada nesta quarta-feira (19).

O vice-líder da rede terrorista liderada pelo milionário saudita no exílio Osama bin Laden também chamou Obama de "negro que freqüenta a casa grande", um termo pejorativo para sugerir que o presidente eleito dos EUA está a serviço dos brancos."Obama é exatamente o oposto de negros americanos honrados" como Malcolm X, prosseguiu al-Zawahiri em fala divulgada em páginas da internet que costumam transmitir mensagens de extremistas islâmicos.

Trata-se do primeiro comentário sobre Obama atribuído à Al-Qaeda desde as eleições presidenciais de 4 de novembro nos EUA.

A mensagem em áudio é ilustrada com imagens fotográficas de al-Zawahiri, de Malcolm X rezando e de Obama ao lado de líderes judaicos.

Al-Zawahiri chamou os líderes brancos americanos de "opressores" do mundo e também afirmou que a secretária de Estado da administração Bush, Condoleezza Rice, e o ex-secretário de Estado, Colin Powell, também são "negros que freqüentam a casa grande".

O vídeo inclui trechos de discursos antigos de Malcolm X, nos quais ele explica o termo, ao dizer que escravos negros que trabalhavam na "casa grande" eram mais servis que os escravos que trabalhavam nos campos. O vídeo mostra fotos de Obama se encontrando com líderes judaicos e também de Malcolm X rezando em uma mesquita.

Muitas pessoas no mundo islâmico alimentaram esperanças com a eleição de Obama, em parte por causa da raça do presidente eleito dos EUA e porque o pai de Obama nasceu em uma família islâmica do Quênia. Isso, acreditam as pessoas, fará com que Obama entenda mais as preocupações e problemas dos países subdesenvolvidos.

O discurso de al-Zawahiri, aparentemente, tem como objetivo minar essa crença. Al-Zawahiri se dirigiu aos "fracos e oprimidos do mundo" e alertou-os: "A América está com uma face nova, mas seu coração está cheio de ódio, sua mente está afundada na ambição e seu espírito espalha o assassinato, a maldade, a repressão e o despotismo, que continuarão os mesmos".

"Parece que vocês continuarão escravos da mesma mentalidade criminosa dos americanos em relação ao mundo e em relação aos islâmicos", disse al-Zawahiri.

Jeremy Binnie, analista no Centro sobre Insurgência e Terrorismo, disse que al-Zawahiri parece preocupado que "Obama possa ser bem sucedido em reconstruir a imagem da América".

"Eles odeiam Bush, mas Bush ao mesmo tempo foi bom para eles porque é uma figura polarizadora. Mas Obama, até agora, parece ser uma figura que une as pessoas", disse Binnie. "A Al-Qaeda gostaria muito que os EUA continuassem com suas velhas políticas militaristas, que colocaram na oposição grande parte do mundo islâmico".

Bruce Hoffman, um especialista em terror na Universidade Georgetown, disse que Al-Zawahiri, que é o número 2 na organização terrorista, tenta manter energizada a base do grupo criminoso. Hoffman afirma que ele tenta dizer aos militantes o seguinte: "Não acreditem em nada disso sobre uma 'grande mudança', nós temos que lutar de uma maneira dura como sempre".

Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, definiu os comentários de al-Zawahiri como "deprimentes".

Al-Zawahiri também disse que a vitória de Obama foi um sinal de que os americanos perceberam que os EUA fracassaram nas guerras do Iraque e do Afeganistão. Ele incitou os militantes islâmicos a continuarem a "jihad" (guerra santa) no mundo inteiro, ao dizer que "o inimigo de vocês começou a cambalear, por isso não parem de bater nele".

Ele instou Obama a mandar mais soldados para o Afeganistão: "Saiba que os cães do Afeganistão acharam deliciosa a carne dos seus soldados, então mande milhares e mais milhares deles".

Ele também incitou os fundamentalistas a continuarem a luta no Iraque, ao dizer que a vitória está próxima com a futura retirada das tropas americanas. As informações são da Associated Press.