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Aos 19 anos ele perdeu um olho, em um combate no Afeganistão. Já participou de sequestros de franceses e espanhóis, acumulando uma fortuna em resgates, e foi chamado de "incapturável" pela agência de inteligência francesa, graças aos seus profundos conhecimentos do Saara. Aos 40 anos, o "Caolho" Mokhtar Belmokhtar, também conhecido como "Mr. Malboro", é o líder da brigada al-Mulathamin (em árabe, signatários de sangue), que reivindicou na quarta-feira a captura dos 41 reféns do campo de extração de gás da petroleira britânica BP, na Argélia, e que teria matado pelo menos seis dos sequestrados.

Nascido no sul da Argélia, em Gardaia, em 1972, Belmokhtar partiu para o combate no Afeganistão, quando ainda era adolescente. Seu primeiro apelido vem dessa época, quando perdeu um olho em um combate. Ao voltar para a Argélia, em 1993, o país vivia o auge do conflito depois que os franceses - apoiados por militares argelinos - anularam as eleições parlamentares que a Frente Islâmica de Salvação (FIS) estava prestes a vencer. Unindo-se à guerra civil, Belmokhtar integrou o Grupo Salafista para Pregação e Combate argelino (GIA), precursor da AQMI (al-Qaeda no Magreb Islâmico).

Na época, para se firmar e ganhar mais força, a entidade terrorista realizou ataques e sequestros violentos, além de participar ativamente no contrabando de armas e drogas - daí vem seu segundo apelido, "Mr. Marlboro". Ele era tido como um dos mais violentos membros da AQMI.

"Belmokhtar tem sido ativo nos círculos políticos, ideológicos e criminais da região nas últimas duas décadas", disse à BBC, Jon Marks, acadêmico do centro de estudos britânico Chatham House. "Ele foi condenado à morte por tribunais argelinos várias vezes."

Segundo o francês Jean-Pierre Filiu, especialista na AQMI, Belmokhtar, agia por conta própria e não gostava muito de receber ordens, o que fez com que ele fosse rebaixado dentro da organização jihadista. Antes de criar seu próprio batalhão, ele liderou por anos militantes da al-Qaeda no norte da África.

O líder guerrilheiro esteve envolvido em uma meia dúzia de sequestros com reféns durante a última década - dentre eles o de dois franceses no Níger, em janeiro de 2011, e de três espanhóis na Mauritânia, em 2009 - e acumulou uma fortuna em pagamentos de resgate de governos e empresas multinacionais. Com isso, Belmokhtar melhorou substancialmente o armamento de seu grupo com armas vindas da Líbia. Segundo a CNN, ele chegou a oferecer apoio a grupos jihadistas no país.

"A chave para atividades de Belmokhtar no Saara é a sua forte ligação com as comunidades locais tuaregues. Ele teria sido casado com quatro mulheres de comunidades locais árabes. E conhece o Saara como poucos", explica um relatório da Jamestown Foundation.

Em junho passado, a mídia argelina chegou a dizer que Belmokhtar - descrito em 2002 por fontes da inteligência francesa como "incapturável" - havia sido morto em confrontos entre islamitas e separatistas tuaregues do norte de Mali. O ataque à instalação de gás, no entanto, mostra que ele continua influente, apesar de sua marginalização dentro da AQMI.

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