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Ucrânia
Instalação militar ucraniana bombardeada pela Rússia| Foto: EFE

Desde que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu as repúblicas separatistas de Luhansk e Donetsk, ao leste da Ucrânia, no que foi considerado o "discurso mais perigoso do pós-Guerra Fria", a guerra entre o gigante asiático e a ex-república soviética não demorou para passar de um conflito iminente a uma realidade concreta.

Nesta quinta-feira (24), Kiev e outras cidades ucranianas amanheceram sob bombardeios e sirenes que anunciavam o início da invasão russa. Lideranças internacionais, representantes de organizações de segurança, analistas e pesquisadores se desdobram para compreender, explicar e responder ao disparate russo à altura, enquanto as populações dos países direta ou indiretamente envolvidos na situação se questionam se estão, afinal, diante do estopim de uma terceira guerra mundial.

Dada a natureza multipolar do conflito - que, de um lado, conta com o rechaço dos países ocidentais e, do outro, com o consentimento tácito da China e de outras ditaduras -, o escalonamento das tensões depende de uma série de fatores.

Para o cientista político Márcio Coimbra, ex-diretor da Apex e coordenador de pós-graduação do Mackenzie Brasília, a ampliação da guerra a nível internacional é improvavel no curto prazo.

"Como a Ucrânia não faz parte da OTAN e os líderes europeus estão com muito medo de uma guerra, penso que a tendência é deixarem o país ser tomado pela Rússia para evitar um conflito de maiores proporções", explicou o especialista, que comparou o cenário com os Acordos de Munique às vésperas da Segunda Guerra, quando a Tchecoslováquia foi cedida à Alemanha nazista.

"Outra possibilidade é que Putin tente transformar a Ucrânia em uma Bielorrússia. Pode colocar um governo 'fantasma', completamente controlado por Moscou. Por outro lado, há sempre o risco de o presidente russo tentar extrapolar o território ucraniano, mas estaria às portas da OTAN. Acho que ele é inteligente o suficiente para não se precipitar desse jeito", avalia Coimbra.

Para o cientista político Késsio Lemos, pesquisador do INCT-INEU, a guerra só deve atingir proporções internacionais se a Rússia não se contiver à Ucrânia.

"A OTAN acabou de se manifestar e disse que não vai enviar forças militares à Ucrânia. Portanto, o país está sozinho do ponto de vista militar direto. O apoio do Ocidente será através de sanções pesadíssimas e oferecendo algum tipo de suporte para que a Ucrânia resista, o que é pouco provável. Se houver um evento que afete diretamente um país da OTAN, aí temos uma possibilidade de escalada a nível mundial", explica Lemos.

O que deve realmente pesar na balança do conflito, contudo, é a postura da China. "O grande problema nisso tudo é que, se não houver uma grande mobilização internacional consistente, abre-se um grande corredor de oportunidades para que a China ataque Taiwan. Pode ser que aí vejamos uma escalada a nível mundial, uma vez que os chineses têm planos muito bem traçados para essa invasão", completa Coimbra.

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