
Lamentavelmente, alguns animais tiveram o azar de receber um nome que inspira medo na mente dos seres humanos. Ao lado da hiena risonha, o diabo da Tasmânia é uma dessas criaturas. Não é apenas o nome que lhe vale a má reputação. Ele emite vários ruído, em particular um longo e fastasmagórico guincho, que quando ouvido à noite pode ser aterrorizante para os não-iniciados. E quando ele abre a boca, surge uma arcada dentária impressionante. Embora seja puramente uma expressão corporal o bichinho pode estar simplesmente sorrindo , qualquer pessoa temente a Deus fugiria dela o mais rápido possível.
Mas agora, mais do que nunca, o diabo da Tasmânia precisa de amor. Nos últimos dez anos esses animais, que têm o tamanho aproximado de uma raposa, têm estado sobre a ameaça de um tipo de câncer facial. Em passado, a doença havia sido localizada em 56% do território da Tasmânia, uma ilha ao Sul da Austrália. Há 600 anos, eles ocupavam todo o território australiano, mas hoje estão limitados ao Estado que lhes conferiu o nome. Restaram pouco menos de 75 mil indivíduos, entre 40% e 50% da população de uma década atrás. Esta semana a Universidade da Tasmânia or-ga-niza uma conferência sobre a proliferação da doença, e cogita transferir animais saudáveis para outras ilhas.
É uma boa medida. Não devemos deixar que a terrível reputação do diabo da Tasmânia nos impeça de tomá-la. Eu os vi animais em seu habitat, quando minhas lanternas captaram um par de olhos brilhantes e um movimento rápido. É um belo animal. Tem uma cabeça muito bonita (contanto que mantenha a boca fechada), parecida com a de uma doninha, um focinho fino e olhos inteligentes. O diabo da Tasmânia é um animal magnífico, um sobrevivente, e faz muitas coisas boas. Ele não permite que as coisas apodreçam. Tem um paladar variado, é capaz de comer até as larvas nas costas de um carneiro. Ele come peixe e frutas também, e creio que um animal como esse merece todo o apoio necessário para enfrentar uma doença tão desastrosa.
Terry Nutkins é escritor e apresentador de programas de tevê sobre animais na Inglaterra.
Tradução: Franco Iacomini



