
Nada no mundo jurássico se comparava aos Saurópodes. Eles eram gigantescos seguramente os maiores animais que já existiram e comiam tudo o que vissem pela frente. Foram inclusive os maiores consumidores de "fast- food" que já existiram. Seu pescoço e sua cauda eram muito mais longos que os das girafas, e seu corpos muito maior que o dos elefantes.
Os alunos do ensino elementar não são os únicos a ficarem fascinados com o tamanho assombroso dos Saurópodes, Apatossauros (antigamente chamados de Brontossauros), Braquiossauros e Diplodocus. Os cientistas estão ampliando seus estudos sobre a biologia incomum desses incríveis devoradores de plantas. Os pesquisadores fazem perguntas não muito diferentes, na essência, do que os jovens estudantes.
Mas como explicar a fisiologia cardíaca, pulmonar e metabólica que permitiu que a maior espécie Saurópode vivesse por 140 milhões de anos? Como esses animais conseguiram alimentos suficientes para atingir seu tamanho colossal, que variava de 5 a 46 metros com peso aproximado de 70 toneladas? Um elefante precisa comer por 18 horas a cada dia para se sentir saciado. Mesmo na era Mesozoica o dia só contava com 24 horas.
Por mais de sete anos, uma equipe de cientistas alemães e suíços realizou um esforço conjunto para testar os limites do tamanho do corpo em vertebrados terrestres e, durante o processo, tentar responder os enigmas do gigantismo dos Saurópodes.
"Estamos, na verdade, fazendo uma reengenharia dos Saurópodes. Estamos buscando vantagens físicas que eles tinham perante outros grandes animais e testando várias hipóteses", disse Martin Sander, paleontólogo da Universidade de Bonn, na Alemanha, e chefe da equipe de pesquisas.
Uma explicação clara surgiu: os Saurópodes inventaram uma espécie de "fast-food". Por conseguirem alcançar todos os lugares com seus longos pescoços, esses gigantes ingeriam refeições enormes. Devido ao fato de não possuírem molares em suas cabeças diminutas, não tinham meios de realizar uma boa mastigação. Eles deixavam que seus sucos digestivos dessem conta da assimilação dos alimentos enquanto continuavam a ingerir mais e mais comida.
Esta foi, aparentemente, a única forma eficiente que os Saurópodes encontraram para satisfazer o apetite e diversificarem-se em mais de 120 gêneros, o que teve início há 200 milhões de anos. Eles foram as figuras dominantes na paisagem durante grande parte do Cretáceo, mas acabaram extintos há 65 milhões de anos.
A equipe de paleontólogos, biólogos e outros cientistas, financiada pela Fundação Alemã de Pesquisas, publicou no mês passado o livro Biologia dos Dinossauros Saurópodes, em que revela suas descobertas. Sander é um dos editores do livro e também curador convidado de uma grande mostra "Os Maiores Dinossauros do Mundo", que estreia hoje no Museu de História Natural de Nova Iorque e deve permanecer até janeiro de 2012.
Uma das peças principais da mostra é um modelo em tamanho real do esqueleto fossilizado de quase 20 metros de uma fêmea de mamenchissauro, descoberto na China. O animal é uma das primeiras espécies de Saurópode que viveu há cerca de 160 milhões de anos. Apesar de não ser um dos maiores Saurópodes, o mamenchissauro pesava 13 toneladas e ingeria mais de 600 kg de plantas por dia. No modelo que será exposto em Nova Iorque é possível observar claramente o pescoço de quase 10 metros com um pequeno crânio e uma mandíbula reduzida que ilustram a incrível biologia e o comportamento dos Saurópodes.



