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Palestinos carregam um assento simbólico que representa o 194º lugar nas Nações Unidas, que seria ocupado pelo novo Estado | Stan Honda/ AFP
Palestinos carregam um assento simbólico que representa o 194º lugar nas Nações Unidas, que seria ocupado pelo novo Estado| Foto: Stan Honda/ AFP

Consequências

Para analistas, conflitos não cessarão

Na última semana, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, disse que o reconhecimento do Estado palestino pode trazer "conse­­quências duras e graves", mas não entrou em detalhes de quais seriam os efeitos.

Para o professor Alexsandro Eugenio Pereira, essa afirmação em tom de ameaça só dificulta as soluções. "Lieberman já se manifestou, publicamente, contra a criação de um Estado palestino, ele não acredita na possibilidade de coexistência entre árabes e judeus no território da Palestina e é contra a permanência de árabes no interior do Estado de Israel", diz Pereira.

Para a professora Cristina Pecequilo, se houver o reconhecimento, a situação de crises periódicas deve prosseguir na região, mas as pressões internacionais podem, pelo menos servir como escudo para a região. "Não vai haver violência além da habitual, nem mudanças políticas."

ONU

Abbas recorre ao principal órgão deliberativo

A presidente Dilma Rousseff será a primeira mulher a fazer o discurso de abertura em uma Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na próxima terça-feira, 21. Tradicionalmente, o chefe de Estado do Brasil é o primeiro a discursar, seguido pelo presidente dos Estados Unidos.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, confirmou que vai entregar à Assembleia o pedido de reconhecimento do Estado palestino na sexta-feira, 23.

A Assembleia Geral é o principal órgão político e deliberativo das Nações Unidas, do qual participam os 193 membros da organização. O presidente do 66º período de sessões da Assembleia, que teve início neste mês, é o embaixador do Catar, Nassir Abdulaziz Al Nasser. As sessões ordinárias anuais sempre começam na terceira terça-feira do mês de setembro.

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Os debates sobre Israel e Pales­­tina voltam a se intensificar nesta semana com a possibilidade de a Autoridade Nacional Palestina (ANP) apresentar na Assembleia da Organização das Nações Uni­­das (ONU) o pedido de reconhecimento do Estado palestino.

Um dos motivos que levaram os palestinos a fazer esse apelo é a morosidade nas negociações com Israel. "Nos últimos dez anos o processo está parado. É um caminho político que não necessariamente vai funcionar, mas é uma via de pelo menos tornar o assunto público novamente", diz Cris­­tina Pecequilo, professora de Re­­lações Internacionais da Univer­­sidade Federal de São Paulo (Uni­­fesp).

Para que os palestinos possam aderir plenamente à ONU é preciso haver aprovação no Conselho de Segurança. Mas os Estados Uni­­dos, aliados de Israel, já prometeram vetar a proposta. Sem o aval do Conselho, resta à Palestina so­­licitar reconhecimento aos membros da Assembleia Geral da ONU. Nesse caso, seria preciso obter o apoio de pelo menos dois terços dos 193 países da Assembleia. Des­­de o dia 21 de setembro, a "Cam­­panha Nacional pela Pa­­lestina, 194.º Estado" vem agregando apoio de diversos países da comunidade internacional e é grande a expectativa de que se consigam os 129 votos favoráveis.

Pesquisadores do assunto concordam que, ainda que o reconhecimento se concretize na Assembleia da ONU, isso estará longe de ser a solução para os conflitos históricos entre israelenses e palestinos. O professor de Histó­­ria Contemporânea da Universi­­dade de São Paulo (USP) Peter De­­mant explica que, nesse caso, a Pales­­tina terá um "status menos prestigioso" do que se fosse aprovada no Conselho de Segurança, apenas como observador na ONU. "Será um Estado ‘virtual’ sem território soberano efetivamente controlado, vulnerável às pressões econômicas e eventualmente militares dos israelenses."

Para Alexsandro Eugenio Pe­­reira, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Relações Interna­­cio­­nais da Universidade Federal do Paraná (Nepri/UFPR), "a criação de um novo Estado no território da Palestina não pode ser obra de imposição da ONU ou das grandes potências".

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