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Antes de se tornar o primeiro papa norte-americano, Leão XIV, então conhecido por seu nome de batismo Robert Francis Prevost, desenvolveu uma tese acadêmica abordando o papel da liderança na Ordem de Santo Agostinho, da qual faz parte. Além de publicar alguns artigos sobre Santo Agostinho, Prevost também escreveu algumas homilias, versando sobre temas como Eucaristia e amor ao próximo.
Sua tese de doutorado, intitulada "The Office and Authority of the Local Prior in the Order of Saint Augustine" (em português, "O Ofício e a Autoridade do Prior Local na Ordem de Santo Agostinho"), foi defendida em 1987 na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino (Angelicum), em Roma, e analisa a organização e liderança na Ordem de Santo Agostinho, com foco no papel do prior local, que é o líder de cada comunidade.
Na tese, segundo informações da mídia internacional, Prevost realizou uma análise detalhada das funções e responsabilidades dos priores locais, explorando questões de direito canônico, espiritualidade e estrutura organizacional da Ordem. Ele examinou como esses líderes devem promover a vida comunitária, garantir a fidelidade à Regra de Santo Agostinho e agir como elo entre a comunidade e as autoridades superiores da Ordem.
Sua preocupação em explicar o papel formativo do prior local foi tamanha que, posteriormente, ele publicou um artigo aprofundando o conceito de munus docendi (função de ensinar) do prior.
Além da tese e do artigo, o novo papa também publicou alguns outros trabalhos abordando principios da Ordem de Santo Agostinho.
Homilias de Leão XIV
Em 30 de novembro de 2006, na igreja de Santa Rita, em Madrid, Prevost, então prior geral dos Agostinianos, presidiu a missa de encerramento do Jubileu Agostiniano. Em uma homilia marcada por forte conteúdo espiritual e social, ele refletiu sobre o Evangelho de Mateus (capítulo 25, versículo 35): "Tive fome e me destes de comer", destacando o chamado cristão ao amor efetivo ao próximo. Citando Santo Agostinho, Prevost lembrou que o verdadeiro coração do cristianismo está no amor ao próximo como expressão do amor a Deus.
A celebração marcou o encerramento de três anos de comemorações agostinianas: o 1650º aniversário do nascimento de Santo Agostinho (celebrado em 2004), o VII centenário de São Nicolau de Tolentino (2005) e os 750 anos da Grande União da Ordem (2006). Para Prevost, aquele momento foi uma oportunidade de reforçar o carisma agostiniano de comunidade, interioridade e serviço aos pobres, destacando que a verdadeira pobreza evangélica é essencial frente ao desafio da secularização.
Em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, Prevost, já bispo de Chiclayo, no Peru, voltou a proclamar sua fé com profundidade espiritual durante a homilia da Solenidade de Corpus Christi, em 15 de junho de 2020. Na catedral de Chiclayo, ele destacou o sentido da Eucaristia em tempos de distanciamento social, comparando a experiência dos fiéis à caminhada dos discípulos de Emaús, que só reconheceram Cristo ao partir o pão.
Diante das limitações impostas pela pandemia, Prevost lembrou que Cristo se faz presente de diversas formas: na Eucaristia, na oração, na caridade e na presença espiritual em meio aos pobres e marginalizados. Citando o documento "A Igreja e os Pobres" (1994), ele reforçou que Jesus se manifesta tanto no sacramento da Eucaristia quanto na experiência viva de solidariedade com os necessitados.
Erramos
A Gazeta do Povo errou ao incluir nesta reportagem o artigo acadêmico "Clergy Malpractice after Oregon v. Smith", publicado em 1992 no Journal of Church and State, um periódico acadêmico vinculado à Universidade de Oxford e voltado para estudos religiosos e ciência política. O texto que analisa o impacto da decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos no caso Employment Division of Oregon v. Smith (1990) sobre a liberdade religiosa no país é na verdade de um homônimo do papa, o filósofo norte-americano Robert Ward Prevost.
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