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Caça F-15E da Força Aérea dos EUA lançando uma bomba “bunker buster” GBU-28 durante um teste no Reino Unido
Caça F-15E da Força Aérea dos EUA lançando uma bomba “bunker buster” GBU-28 durante um teste no Reino Unido| Foto: Michael Ammons/Departamento de Defesa dos EUA/Wikimedia Commons

Em uma ofensiva realizada na semana passada, as Forças de Defesa de Israel lançaram bombas conhecidas como "bunker buster" contra posições do grupo terrorista palestino Hamas na Faixa de Gaza, visando destruir a extensa rede de túneis subterrâneos que a organização terrorista construiu sob a cidade.

O ataque israelense foi revelado por meio de um vídeo que circula nas redes sociais. Nele, é possível ver uma fumaça ascendendo de maneira semelhante a de chaminés após as explosões da bomba. Isso acontece porque as detonações das bombas “bunker buster” ocorre a alguns metros de profundidade.

A ofensiva israelense evidenciou uma das principais estratégias do país para atingir as estruturas subterrâneas do Hamas. Um dos objetivos declarados das forças israelenses é destruir a complexa rede de túneis apelidada pelas autoridades de Israel como "Metrô de Gaza", que funciona como uma verdadeira cidade subterrânea construída pelos terroristas.

Esses túneis geralmente são utilizados pelos terroristas do Hamas para fazer o contrabando de armas e de suprimentos. Eles também são usados para fazer o armazenamento de artilharia e servir como esconderijos e zonas de deslocamento rápido para os membros do grupo terrorista.

“Os líderes [do braço armado do Hamas] se escondem lá, possuindo centros de comando e controle, utilizando-os para transporte e linhas de comunicação. Eles [os túneis subterrâneos] são equipados com eletricidade, iluminação e trilhos ferroviários, [o que] permite maior mobilidade e capacidade de permanência [no local]”, disse Daphné Richemond-Barak, professora da Universidade de Reichman em Israel e especialista em guerra subterrânea, à BBC.

As Forças de Defesa de Israel afirmam que a rede subterrânea de Gaza possui dezenas de pontos de acesso distribuídos por toda a região. Segundo os militares, muitas dessas entradas de túneis estão localizadas nas proximidades de residências de civis.

Um representante das Forças de Defesa de Israel afirmou na quinta-feira (12) que a erradicação desses túneis é uma das principais metas dos ataques aéreos israelenses que estão sendo feitos contra Gaza.

“Pense na Faixa de Gaza como uma camada para os civis e outra camada para o Hamas. Estamos buscando atingir essa segunda camada construída pelo Hamas”, declarou ele.

No texto a seguir, apresentaremos algumas informações sobre as bombas “bunker buster”.

O que são as bombas “bunker buster”?

As bombas “bunker buster” são projetadas para penetrar em estruturas subterrâneas ou reforçadas, como bunkers, abrigos ou túneis, como os utilizados pelo Hamas. Elas possuem uma estrutura resistente, que geralmente é produzida com aço de alta qualidade ou ligas de tungstênio (um metal extremamente duro), que podem perfurar o concreto, o solo ou até mesmo uma rocha antes de detonar uma carga explosiva dentro da estrutura alvo. Algumas bombas “bunker buster” usam um sistema de propulsão a jato ou foguete para aumentar sua velocidade e poder de penetração no solo.

Origem

As bombas “bunker buster” têm origem na Segunda Guerra Mundial, quando vários países desenvolveram bombas capazes de atingir alvos fortificados ou subterrâneos. Naquele momento, a Alemanha Nazista usou projéteis de artilharia chamados Röchling, que eram baseados na teoria de aumentar a densidade seccional para melhorar a penetração na hora do impacto. O Reino Unido, por sua vez, usou bombas chamadas Tallboy e Grand Slam, que eram projetadas para causar terremotos artificiais ao criar cavernas subterrâneas sob o alvo.

Os Estados Unidos usaram bombas chamadas Disney, assistidas por foguetes para aumentar sua velocidade e força na hora do impacto.

Após a Segunda Guerra Mundial, as bombas “bunker buster” evoluíram para se tornarem ainda mais sofisticadas e poderosas. Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos e a União Soviética desenvolveram estudos para criarem versões nucleares dessas bombas, que poderiam causar ainda mais destruição nas instalações subterrâneas protegidas por camadas espessas de concreto e aço.

Na nossa era, as bombas "bunker buster" são usadas principalmente para atacar alvos como depósitos de armas, centrais elétricas, pontes, túneis e instalações nucleares. Elas são lançadas por caças, aviões de combate ou bombardeiros, e podem ser guiadas por sistemas de navegação inercial, GPS ou laser.

Abaixo, listaremos algumas das bombas “bunker buster” mais conhecidas atualmente.

BLU-109

É uma bomba que pesa 907 kg e é usada pelos Estados Unidos desde a Guerra do Golfo de 1991. Ela é revestida com aço endurecido que pode penetrar até 2 metros de concreto reforçado.

GBU-28

É uma bomba de 2 toneladas usada pelos Estados Unidos também desde a Guerra do Golfo de 1991. Essa arma é revestida com aço reforçado e pode penetrar até 7 metros de concreto reforçado ou 30 metros de terra. Ela foi usada pela primeira vez para atacar um bunker subterrâneo em Bagdá, capital do Iraque, em 1991.

As primeiras versões da bomba GBU-28 foram desenvolvidas em apenas três semanas usando peças de sucata de um canhão e materiais disponíveis. A rapidez na produção foi para poder atender a uma necessidade urgente dos EUA durante a Guerra do Golfo: destruir centros de comando subterrâneos das forças iraquianas.

Israel possui diversas bombas “bunker buster” GBU-28, que podem estar sendo usadas neste momento para destruir os túneis criados pelos terroristas do Hamas sob a cidade de Gaza.

GBU-43/B MOAB

Essa é uma bomba que pesa 9 toneladas e é usada pelos Estados Unidos desde 2003. A GBU-43 é apelidada de “mãe de todas as bombas” por causa de seu enorme poder explosivo. Ela não foi projetada para penetrar profundamente no solo, mas sim para causar uma onda de choque devastadora em uma grande área superficial. Ela foi usada pela primeira vez para atacar um complexo de túneis do Estado Islâmico no Afeganistão em 2017.

GBU-57A/B MOP

É uma bomba de 13 toneladas usada pelos americanos desde 2012. Ela é considerada uma das maiores e a mais poderosa bomba “bunker buster” do mundo. Ela é revestida por uma liga especial de aço e tungstênio que pode penetrar até 61 metros de concreto reforçado ou 40 metros de rocha sólida. Ela foi projetada para atacar alvos como o complexo nuclear do irã em Fordow, que está localizado sob uma montanha.

Custo

O custo das bombas "bunker buster" varia de acordo com o seu tamanho, tipo e quantidade. Uma bomba BLU-109 pode custar cerca de US$ 14 mil (R$ 70 mil), enquanto uma bomba GBU-57A/B MOP pode custar cerca de US$ 3,5 milhões (R$ 17,8 milhões). As bombas “bunker buster” são consideradas armas estratégicas e táticas, pois podem neutralizar alvos de alto valor e dificultar a defesa do inimigo.

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