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Tecnologia

O supercomputador chinês

Equipamento batizado de Tianhe-1A desbanca norte-americanos no ranking das máquinas mais velozes do mundo

O supercom­putador Tianhe-1A, instalado no Centro Nacional de Compu­tação da China, na cidade de Tianjin, conquistou o primeiro lugar na disputa entre os mais velozes | Nvidia/The New York Times
O supercom­putador Tianhe-1A, instalado no Centro Nacional de Compu­tação da China, na cidade de Tianjin, conquistou o primeiro lugar na disputa entre os mais velozes (Foto: Nvidia/The New York Times)
Supercomputador Kraken, instalado nos Estados Unidos, perdeu o posto de mais rápido do planeta |

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Supercomputador Kraken, instalado nos Estados Unidos, perdeu o posto de mais rápido do planeta

Tianjin - Um centro de pesquisas chinês apresentou recentemente o su­­percomputador mais rápido da história. Com isso, a China supera os Estados Unidos como o país responsável pela fabricação da má­­quina mais veloz do mundo – e ganha o direito de se declarar uma superpotência tecnológica.

O computador em questão, batizado de Tianhe-1A, é 40% mais potente do que o atual campeão de velocidade. O desempenho da nova máquina foi verificado por meio de um teste padrão, que mede a rapidez com que os equipamentos realizam cálculos matemáticos.

O responsável pelo ranking ofi­­cial dos supercomputadores, Jack Dongarra, que também é cientista da computação da Uni­­versidade do Tennessee, confirma os resultados. Mesmo antes do fechamento da lista semestral das 500 má­­quinas mais velozes do mundo, marcado para o início da próxima semana, Dongarra afirma que o computador chinês "dá um ba­­nho no atual número 1 do mundo". "Só vamos encerrar nosso le­­vantamento no dia 1.º de no­­vem­­bro, mas é improvável que apareça outro sistema mais rápido", diz.

A Universidade Nacional de Tecnologia da Defesa – vinculada aos ministérios chineses da Defesa e da Educação – revelou a supermáquina, e demostrou sua performance, durante uma conferência em Pequim, na última quinta-feira. A corrida para construir o supercomputador mais ve­­loz do planeta alimenta o orgulho patriótico na China. Esses equipamentos são valorizados pela capacidade de resolver questões estratégicas aos interesses nacionais, em setores que vão da defesa à energia, das finanças à ciência.

A tecnologia da supercomputação também é aplicada no mundo dos negócios: empresas petrolíferas podem usá-la para encontrar novos reservatórios e instituições financeiras empregam a ciência na automação de transações cada vez mais velozes. Além disso, os centros de pesquisa equipados com supercomputadores costumam atrair o mais alto ta­­lento científico. A importância des­­sas máquinas, portanto, ultrapassa a mera velocidade de cálculo.

Ao longo dos últimos dez anos, os chineses subiram algumas po­­sições nos rankings da supercomputação. O Tianhe-1A é o resultado de bilhões de dólares investidos na área e de muito aprimoramento científico. Nesse período, a China deixou de ser uma nação periférica para a ciência da computação e assumiu a condição de superpotência tecnológica. "As­­susta saber que o domínio dos EUA na computação de alta performance está em risco. É possível dizer que essa ultrapassagem atinge a base do nosso futuro econômico", acredita o especialista em supercomputação Wu-Chun Feng, que também é professor do Instituto Politécnico da Virgínia.

A união faz a força

Os supercomputadores mo­­der­­nos surgem a partir da combinação de milhares de pequenos servidores, que passam a funcionar como uma única máquina por meio de softwares específicos. Nesse sentido, qualquer organização com algum conhecimento na área e dinheiro em caixa pode comprar componentes relativamente simples e, a partir deles, criar uma máquina veloz.

O sistema chinês segue esse modelo, pois une milhares de chips fabricados por companhias americanas como a Intel e a Nvi­­dia. O ingrediente secreto por trás do Tianhe-1A – e, portanto, seu real avanço tecnológico – está escondido nas suas interconexões, que foram desenvolvidas pelos pesquisadores da China. De acordo com Dongarra, elas permitem que os dados trafeguem a uma taxa de transmissão estonteante. "Essa tecnologia de rede foi desenvolvida pelos chineses", diz. A interconexão chinesa suporta praticamente o dobro da velocidade das interconexões comuns, como a InfiniBand, bastante usada em supercomputadores.

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