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Mais de 46 milhões de iranianos foram convocados às urnas para escolher o presidente, nesta sexta-feira (12) em eleições cruciais para o futuro do país e marcadas pelo enfrentamento social e pela crise econômica. O atual líder, o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad, buscará a reeleição contra o independente pró-reformista Mir Hussein Moussavi, o clérigo aberturista Mehdi Karroubi e o conservador Mohsen Rezaei.

Para o Ocidente, uma possível abertura a negociações mais amistosa é aguardada, caso o atual presidente seja derrotado. "Esta eleição pode trazer alguém mais aberto ao poder, alguém disposto a abrir o diálogo com os EUA da forma como Barack Obama diz querer abrir após o governo George W. Bush. Os dois candidatos reformistas têm esta postura mais liberal, que lembra Obama, e podem mudar a relação entre os países", disse ao G1 o historiador birtânico Michael Axworthy, autor de "Uma história do Irã" (não publicado no Brasil).

Para ele, Obama está demonstrando alguma mudança neste sentido. Está agindo de forma correta, respeitando os iranianos. "Ele está tentando ver além do regime, que, apesar de todos os seus problemas, representa grande parte dos iranianos, e precisa ser respeitado."

O pesquisador admite, entretanto, que muito dos confrontos diplomáticos entre o país e o Ocidente se dá pela dificuldade de EUA e Europa entenderem como pensam os iranianos.

"O Irã é um país muito complexo, que não pode ser entendido de forma simplista pelos padrões ocidentais. São milênios de história que conhecemos mal, e que eles conhecem bem e valorizam muito. Chamo eles de 'império da mente', pela influência que sua história teve em toda a região e até, indiretamente, no Ocidente, por maior que seja a dificuldade que tenhamos de entendê-los. Eles estão na base da formação das maiores religiões do mundo, e influenciaram muito a forma de pensar de toda a humanidade contemporânea", disse.

Segundo ele, apesar de o país ter no aiatolá Ali Khamenei o Líder Supremo, mais poderoso politicamente de que o próprio presidente, não se pode pensar o Irã como uma ditadura totalitária. "A estrutura política do Irã é muito complexa e diferente do que há no resto do mundo. Khamenei é o Líder Supremo, a pessoa mais poderosa no sistema do país, mas não é um ditador, e o sistema do país não é totalitário. Ele tem poder, mas faz parte de um círculo de lideranças políticas que precisa ser consultado. Ele não é eleito pela população, mas trabalha dentro de um sistema que tem um certo grau de limite para a atuação dos políticos", disse.

Mesmo assim, explicou, o país tem eleições, e a população pode participar apontando sua vontade política, o que já trouxe grandes surpresas, como a eleição de Khatami em 1997 e a de Ahmadinejad e 2005. "A política iraniana não é totalmente antidemocrática, por mais que não se encaixe nos padrões que o Ocidente costuma considerar uma democracia."

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