O Instituto Cubano pela Liberdade de Expressão e Imprensa (ICLEP), uma organização não governamental que luta pelos direitos dos jornalistas em Cuba, denunciou neste domingo (17) que vários jornalistas independentes cubanos foram alvo de ações repressivas realizadas por membros do regime comunista da ilha durante a Cúpula do Grupo dos 77 e da China, que ocorreu neste final de semana no país e teve a participação do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com informações do ICLEP, jornalistas independentes que buscaram cobrir a Cúpula enfrentaram detenções arbitrárias, prisões domiciliares e restrições significativas nos serviços de internet por parte do regime comunista de Cuba, liderado por Miguel Díaz-Canel.
A ONG informou que Henry Constantín Ferreiro, diretor do jornal independente cubano "La Hora de Cuba", foi um dos primeiros alvos das ações repressivas do regime cubano. Ele foi detido na tarde de sexta-feira (15), na capital Havana, e posteriormente transferido para uma unidade policial localizada em Marianao, cidade que faz parte da região metropolitana da capital cubana.
Antes de sua detenção, Ferreiro enfrentou um corte de quatro horas no seu serviço de internet, que ocorreu ainda na manhã de sexta-feira. As autoridades do regime de Díaz-Canel alegaram que a prisão do jornalista se deu devido à sua permanência "ilegal em Havana".
Por meio de nota divulgada nas redes sociais o jornal La Hora de Cuba exigiu a libertação imediata de seu diretor e classificou sua detenção como uma “prisão arbitrária”.
Outro jornalista independente da ilha, cujo nome é Luis Ángel Cuza Alfonso, também foi detido na sexta-feira ao tentar contornar um cerco policial que foi estabelecido nas proximidades de sua residência, no município de Playa, em Havana, com o objetivo de evitar que ele se aproximasse do local onde ocorreria a Cúpula.
Após deixar a unidade policial cubana onde ficou detido ainda na sexta, o ICLEP afirmou que as autoridades do regime comunista ameaçaram prender novamente Alfonso e dessa vez transferi-lo para uma unidade prisional da ilha caso ele tentasse burlar novamente o cerco para exercer sua profissão.
Outros jornalistas independentes que atuam na ilha e fazem parte do jornal "Diario de Cuba" confirmaram também que estavam sitiados em Havana, sem poder sair de suas casas. Eles disseram que tiveram seu acesso à internet cortado durante a Cúpula do G77.
Neife Rigau , que é uma líder católica e jornalista independente de Cuba também denunciou que foi chamada pela polícia da ilha para participar de uma “conversa”. Ela disse que se recusou ir até a unidade policial porque acreditava que a iniciativa da polícia cubana era “claramente uma tentativa do regime de reprimir seus direitos como cidadã”.
Guillermo "Coco" Fariñas, coordenador geral da organização Frente Antitotalitario Unido (FANTU), também foi alvo das ações repressivas do regime cubano durante a Cúpula do G77 + China. Segundo o ICLEP, ele foi detido pela polícia do regime comunista sob a justificativa de que eles queriam “evitar que ele realizasse qualquer movimentação que pudesse desestabilizar a realização da Cúpula”.
No município de Santa Clara, capital da província cubana de Villa Clara, localizada na região central da ilha, o ICLEP informou que um indivíduo identificado apenas como "San Lázaro Vigía" foi preso pela polícia do regime por fazer postagens no Facebook com críticas direcionadas ao ditador cubano Miguel Díaz-Canel e ao regime comunista.
O ICLEP também informou que os ativistas Manuel Cuesta Morúa, María Elena Mir e Juan Antonio Madrazo enfrentaram vigilância policial e restrições no acesso à internet durante a Cúpula.
Asunción Carrillo, Annia Zamora e Leticia Ramos, que fazem parte da organização Damas de Blanco, também tiveram seus serviços de internet interrompidos.
Repressão contínua
A repressão do regime comunista cubano contra jornalistas independentes ocorre com frequência na ilha. Somente este ano, a ONG de defesa da liberdade de expressão Artigo 19 registrou 41 casos de agressões contra jornalistas independentes que atuam em Cuba.
A maioria dessas ocorrências aconteceu na capital da ilha, Havana, enquanto outras foram reportadas em províncias como Matanzas, Camagüey, Santiago de Cuba e Guantánamo. Membros de mídias independentes como o Diario de Cuba, La Hora de Cuba, Palenque Visión e CubaNet estão entre os mais afetados.
Entidades estatais do regime cubano como o Departamento de Segurança do Estado cubano (DSE), a Polícia Nacional Revolucionária de Cuba (PNR), a Empresa de Telecomunicações Etecsa, as Forças Armadas Revolucionárias (FAR) e o Escritório Provincial do Partido Comunista (BPP) estão por trás dessas ações repressivas.
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