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Manifestantes protestam contra as mudanças climáticas mundiais em Marraquexe, no Marrocos, onde ocorre a conferência da ONU sobre o clima. | Fadel Senna/AFP
Manifestantes protestam contra as mudanças climáticas mundiais em Marraquexe, no Marrocos, onde ocorre a conferência da ONU sobre o clima.| Foto: Fadel Senna/AFP

O mundo muito provavelmente voltará a bater o recorde de temperatura em 2016, com uma média de 1,2ºC a mais em relação ao nível da era pré-industrial, segundo anunciou nesta segunda-feira (14) a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

“Se isso for confirmado, o século XXI terá passado por 16 dos 17 anos mais quentes da Terra desde que tiveram início os registros, no final do século XIX”, informou a OMM, que é subordinada às Nações Unidas.

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“Tudo parece indicar que 2016 será o ano mais quente” já registrado até agora, superando os dados do ano anterior, disse a organização em um comunicado durante a conferência da ONU sobre o clima (COP22), que está sendo realizada em Marraquexe, no Marrocos.

A tendência de aquecimento aumentou em 2015 e 2016 devido ao El Niño, fenômeno meteorológico que afeta o Pacífico, explicou a OMM. A cada cinco anos, aproximadamente, o El Niño provoca um aumento das temperaturas, através de correntes de ar quente.

Índices relativos às mudanças climáticas também bateram recordes, alerta a instituição. O sinal mais evidente da aceleração do fenômeno é a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. Além disso, a calota polar do Ártico encolheu até níveis desconhecidos, e regiões inteiras da Groenlândia sofrem longas épocas de degelo.

“Em algumas regiões árticas da Federação Russa, a temperatura foi entre 6ºC e 7ºC acima do normal”, destacou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

“E em muitas regiões árticas e subárticas da Rússia, Alasca e noroeste do Canadá, a temperatura ultrapassou o nível normal em ao menos 3ºC”, acrescentou o texto, que ressalta que “até agora, os recordes de calor eram expressos em frações de grau” centígrado.

A única região continental onde a temperatura foi inferior à normal está situada na zona subtropical da América do Sul, no norte e centro da Argentina e em partes do Paraguai e da Bolívia.

Boa notícia

Os cientistas deram, por outro lado, uma boa notícia à COP22 nesta segunda-feira: as emissões de CO2, as grandes responsáveis pelo efeito estufa, parecem estar controladas.

O mundo conseguiu, pelo terceiro ano consecutivo, manter estáveis suas emissões de gases CO2 em 2015, segundo um estudo do chamado Global Carbon Projet, que reúne cientistas do mundo inteiro.

No ano passado, foram emitidas 36,3 gigatoneladas de CO2 (GtCO2), um aumento de apenas 0,2% em relação a 2014, de acordo com o relatório. O Brasil e o México reduziram de novo o nível das suas emissões.

Esse avanço ainda é, porém, insuficiente para deter as mudanças climáticas, segundo os cientistas. Tal avaliação coincide com o aumento constante das temperaturas detectado pela OMM.

A COP22 deve terminar na próxima sexta-feira com um roteiro para a aplicação do histórico Acordo de Paris de 2015, no qual 196 países se comprometeram a trabalhar para que a temperatura do planeta não aumente mais de 2ºC em relação à era pré-industrial. Um aumento além desse limite traria consequências desastrosas para o planeta.

Os participantes do grande evento sobre o clima, no entanto, estão preocupados com as negociações políticas durante o próximo governo americano. O republicano Donald Trump, um cético declarado das mudanças climáticas, disposto a retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, não pronunciou nenhuma palavra sobre o clima desde que foi eleito presidente, na última terça-feira.

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