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Migrante venezuelano Jefferson Alexis e seu pai, José Agustin Lopez, em uma cadeira de rodas, param para descansar enquanto viajam entre as cidades de Cucuta e Pamplona, no Norte da Colômbia | SCHNEYDER MENDOZA/AFP
Migrante venezuelano Jefferson Alexis e seu pai, José Agustin Lopez, em uma cadeira de rodas, param para descansar enquanto viajam entre as cidades de Cucuta e Pamplona, no Norte da Colômbia| Foto: SCHNEYDER MENDOZA/AFP

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) indicaram nesta quarta-feira (19) o ex-vice-presidente guatemalteco Eduardo Stein como seu enviado especial para a crise migratória na Venezuela. O posto foi criado a pedido da Colômbia, país que acolhe metade dos 1,6 milhão de pessoas que deixaram o território venezuelano desde 2015 e é a principal porta de saída para quem foge da crise humanitária que atinge o país dirigido pelo ditador Nicolás Maduro

 Em nota, as duas organizações ligadas à ONU afirmam que Stein "trabalhará para promover o diálogo e o consenso necessários para a resposta humanitária, incluindo o acesso a territórios, a proteção aos refugiados, um estatuto regular e a identificação de soluções para refugiados e migrantes venezuelanos". 

 A indicação é feita dois dias depois que o ministro das Relações Exteriores colombiano, Carlos Holmes Trujillo, pediu urgência na criação de um fundo humanitário para auxiliar os países que mais recebem venezuelanos. "Quanto antes melhor, porque a crise aumenta de uma maneira dramática a cada dia", afirmou Holmes, após se encontrar em Genebra com a alta comissária de direitos humanos da ONU, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet. 

 O chanceler teme que o número de cidadãos do país caribenho que entraram na Colômbia seja superior ao 1 milhão registrados pelas autoridades migratórias e que o fluxo continue a aumentar. "Temo que esse número seja ainda maior, e nos preocupa muito a tendência que esses números mostram, porque continuando assim estaremos falando de cerca de 4 milhões de venezuelanos fora de seu país até o fim do ano." 

 Maduro descarta crise humanitária

No início de setembro, líderes de 11 países latino-americanos se reuniram em Quito, no Equador, e exortaram Maduro a aceitar ajuda humanitária com o objetivo de "descomprimir" a crise por trás do êxodo de venezuelanos.  O regime de Maduro nega a existência de uma crise humanitária na Venezuela e considera que o êxodo aconteceu de forma voluntária. Sobre os vizinhos colombianos, o ditador disse que pediria reparação a Bogotá pela imigração decorrente do conflito armado entre os anos 1960 e 2000. 

 Caracas também lançou, em resposta à expulsão violenta de venezuelanos da cidade brasileira de Pacaraima (RR) em agosto, um programa de repatriação. Segundo as autoridades, 3.000 pessoas voltaram à Venezuela --0,18% dos que saíram desde 2015. 

 Além da participação da ONU na reação ao fluxo migratório, o presidente da Colômbia, Iván Duque, defende que os países da região levem ao Tribunal Penal Internacional as denúncias de abusos de direitos humanos da ditadura. A iniciativa deve ser apoiada pelos governos de Argentina, Chile, Paraguai e Peru. 

 Embora Duque, que assumiu em agosto, tenha adotado uma linha mais dura que seu antecessor, Juan Manuel Santos, em relação a Caracas, ele ainda não mencionou a opção militar para a crise.

Embaixador colombiano diz que todas as soluções estão em jogo

O novo embaixador colombiano em Washington, Francisco Santos, disse nesta terça (18) que "diante da crise política e humanitária do país vizinho, todas as opções devem ser consideradas para restabelecer a democracia." Para ele, a "Venezuela se transformou numa bomba-relógio pronta para explodir". Ele ainda pediu a colaboração de outros países da América Latina para resolver a crise e acrescentou que a Colômbia "não irá observar a situação de maneira passiva". 

 Francisco Santos é uma figura conhecida da política colombiana. Primo de Juan Manuel Santos, foi vice do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010). Durante todo o governo de seu parente, permaneceu fiel ao uribismo e foi muito crítico à gestão do parente vencedor do Nobel da Paz. 

 Indagado sobre a razão pela qual a Colômbia não assinou o documento do Grupo de Lima que rejeita a opção militar, disse que "nós acreditamos que deve haver uma resposta coletiva a essa crise e acreditamos que todas as opções devem ser consideradas". E acrescentou que era "muito ingênuo imaginar que exista uma solução sem uma mudança do regime". 

 Mencionou, ainda, que o território venezuelano está se transformando em um "santuário" para os traficantes de drogas e guerrilheiros do ELN (Exército de Libertação Nacional) --com quem o Estado colombiano cancelou as negociações de paz--, além de dissidentes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que estariam se reorganizando na Venezuela. 

 "Essa é uma catástrofe que é inevitável confrontar, antes que se agrave ainda mais e cause mais instabilidade na região", afirmou. "Há muitas opções para enfrentar a situação e não devemos nos distrair."

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