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Moradores de Caracas esperam ônibus em frente de painel com propaganda chavista: projeto de socialismo do século 21 será avaliado nas urnas | Thomas Coex/AFP
Moradores de Caracas esperam ônibus em frente de painel com propaganda chavista: projeto de socialismo do século 21 será avaliado nas urnas| Foto: Thomas Coex/AFP

Para analista, há dois cenários: conciliação ou confronto

O cientista político Luis Pedro España, da Universidade Católica Andrés Bello, avalia que há dois cenários para o período pós-eleitoral na Venezuela: conciliação ou confronto. "O governo diz estar em um cenário de revolução. Nesse quadro, é necessário continuar sendo governo", afirma.

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Entrevista: Manuel Rosales, governador do estado de Zulia e principal oposicionista de Chávez

Em meio a denúncias de enriquecimento ilícito sustentadas pelo próprio presidente Hugo Chávez, o governador do estado Zulia, Manuel Rosales, figura de proa da oposição venezuelana, tentará vencer a eleição para prefeito da cidade de Maracaibo, capital do estado. Rosales defende a necessidade de ampliar os espaços opositores como única alternativa para enfrentar os problemas do país, sobretudo a insegurança, principal preocupação da sociedade venezuelana.

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Os venezuelanos escolherão neste domingo 22 governadores, 328 prefeitos e 233 parlamentares regionais. As eleições regionais ganharam contornos nacionais durante a campanha, com a oposição lutando para se reorganizar e o presidente Hugo Chávez participando de vários comícios, durante os quais atacou duramente seus rivais.

"As eleições regionais vão mudar o panorama político venezuelano, torná-lo mais plural", prevê o cientista político Luis Pedro España, da Universidade Católica Andrés Bello. "A hegemonia do partido do governo se limitará de maneira importante."

O motivo para isso é que a oposição é favorita para conquistar entre quatro e oito estados. Será um avanço, pois atualmente controla apenas dois. Além disso, é favorita para conquistar prefeituras em cidades importantes, com forte peso populacional e econômico, como Maracaibo (segunda maior do país, atrás apenas de Caracas), San Cristóbal, Barquisimeto e Puerto Ordaz.

No total, quase 17 milhões de venezuelanos estão aptos a votar hoje, de população estimada de 26,5 milhões. España aponta um avanço dos partidos de oposição nas áreas mais urbanas e modernas, resultado, segundo ele, de um desgaste do modelo chavista nesses centros.

O presidente entrou com força nas eleições. Participou de vários comícios, sempre defendendo seus candidatos. "Se permitirem que a oligarquia retorne ao poder, talvez eu acabe tirando os tanques da Brigada Blindada para defender o governo revolucionário e defender o povo", ameaçou Chávez em Carabobo, no último dia 8. Esse estado é administrado por Carlos Acosta, ex-chavista que rompeu com o governo e foi tachado de "traidor" pelo presidente.

Outro alvo freqüente de suas ameaças é o governador de Zulia, Manuel Rosales, candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2006. Chávez acusa Rosales de vários crimes, entre eles envolvimento com o narcotráfico, e disse que em breve ordenará sua prisão. Candidato à prefeitura de Zulia, Rosales nega qualquer ilegalidade.

"É a técnica de amedrontar a população", resume España, apontando que as ameaças de Chávez já não são levadas muito a sério no país.

O professor José Vicente Carrasquero, da Universidade Simón Bolívar, complementa: "O discurso aguerrido de Chávez perdeu força, converteu-se em parte da paisagem política."

Carrasquero lembra um dos últimos episódios da retórica de Chávez, quando ordenou ao ministro da Defesa que posicionasse batalhões na fronteira com a Colômbia depois de Bogotá ter realizado uma operação militar em solo equatoriano. "Os batalhões na fronteira nunca chegaram", recorda. "As pessoas não se importam."

A crise financeira e a desaceleração econômica mundial também têm um papel nessas eleições. Carrasquero aponta que muitos dos votos não são somente relacionados ao cenário político nacional, mas sobretudo a problemas com segurança, escolas e esgoto, por exemplo. Com o petróleo em alta, a Venezuela, com uma das maiores reservas do mundo e um dos principais exportadores, tinha condições de atender a esse tipo de demanda com mais facilidade. Agora, o preço do petróleo cai e a torneira começa a perder vazão.

Outro risco para Chávez é perder espaço "em casa". O estado em que ele nasceu, Barinas, é governado pelo seu pai, Hugo de los Reyes Chávez, desde 1998. Agora, um dos irmãos do presidente, Adan Chávez, disputa duramente com o dissidente César Reyes. Os dois aparecem empatados tecnicamente nas pesquisas, mas o oposicionista está um pouco à frente.

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