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Revolta árabe

Oposição síria pede desobediência civil

Ativistas pedem aos cidadãos que se mobilizem por uma “greve pela dignidade” para derrubar o ditador Assad

Nuvem de fumaça cobre a cidade de Homs após explosão em refinaria de petróleo, no 3º ataque à infraestrutura do país desde o início dos protestos contra o governo | AFP
Nuvem de fumaça cobre a cidade de Homs após explosão em refinaria de petróleo, no 3º ataque à infraestrutura do país desde o início dos protestos contra o governo (Foto: AFP)

Ativistas da Síria lançaram ontem uma campanha de desobediência civil para elevar a pressão sobre o presidente Bashar Assad, após o líder ser criticado pelos EUA por dizer que ele não negou a repressão violenta a civis no país.

O Conselho de Coordenação Local, que organiza protestos contra o regime na Síria, divulgou um comunicado pedindo aos cidadãos que se mobilizem por uma "greve pela dignidade", que "levará à repentina morte do regime tirano".

A entidade recomendou aos cidadãos que comecem a agir no domingo – primeiro dia da semana de trabalho na Síria –, com paralisações no trabalho e o fechamento de lojas e universidades. Também pediu a paralisação nos transportes e uma greve geral no setor público.

O grupo informou na quinta-feira que as forças de Assad usaram bombas e "disparos pesados e indiscriminados" em Damasco e na província de Idlib, no noroeste do país. Grupos pelos direitos humanos locais afirmaram que mais de 100 pessoas foram mortas na Síria desde o fim de semana, e as Nações Unidas estimam que pelo menos 4 mil morreram desde março, quando começaram os protestos contra o regime.

Em rara entrevista à imprensa ocidental na quarta-feira, Assad questionou o número de mortos confirmado pela ONU e negou ter mandado matar manifestantes, dizendo que apenas uma "pessoa louca" faria isso.

"Fora da realidade"

A afirmação de Assad de que seu regime não reprime a oposição mostra que ele está fora da realidade e tende a levar a violência adiante a qualquer preço, dizem analistas. "Está insistindo que a ONU não é confiável, que os relatórios de assassinatos em massa e de tortura não são confiáveis e, talvez mais inacreditável de tudo, ele insiste que não ordenou uma repressão militar", afirmou Mohamad Bazzi, um especialista em questões árabes do Conselho de Relações Exteriores com sede nos EUA.

Peter Harling, um analista do Grupo de Crises Interna­­cional, em Damasco, acrescentou que que a entrevista, em que Assad parecia tranquilo, mas desafiador, indica que o chefe de estado há 46 anos se ateve à repetição da mesma narrativa e está seguindo os passos de seus colegas, os líderes árabes depostos pelas revoluções que sacodem a região.

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