
Uma região historicamente pontuada por conflitos, com divisões étnicas e religiosas, palco da ação de grupos extremistas, denúncias sobre uso de armas químicas e ameaça nuclear. Com todos esses ingredientes, o Oriente Médio é uma espécie de bomba-relógio e representa hoje a grande ameaça à segurança mundial.
A avaliação é de um especialista no assunto, Aharon Zeevi Farkash, major general da reserva, que durante anos comandou a inteligência militar em Israel.
Farkash ocupou o cargo de chefe da inteligência militar israelense entre 2001 e 2006. Depois disso fundou uma empresa de segurança privada e na última semana esteve no Brasil, ministrando palestras sobre o tema. Em entrevista por telefone, falou da sua preocupação com o cenário do mundo árabe. "A tensão que acontece no universo árabe afeta todos os países e tem causado a morte de milhares de cidadãos. Infelizmente, é um quadro que ainda vamos acompanhar pelos próximos anos", afirma.
Para Farkash, são três as situações que merecem maior atenção no Oriente Médio. A primeira é o conflito na Síria, que já matou mais de 120 mil pessoas, inclusive com o uso de armas químicas. A segunda é o Irã, que há anos trabalha em seu programa nuclear. Por fim, ele aponta a ação de diferentes facções extremistas, que agem não apenas no Oriente Médio, mas também na África e em outros países asiáticos.
Sobe e desce
Um diferencial no quadro atual, na avaliação do ex-general, é a participação dos Estados Unidos, historicamente os principais interventores em conflitos internacionais. "Há um enfraquecimento dos EUA e um fortalecimento da Rússia, que começa a entrar em países onde antes não tinha acesso", avalia Farkash, lembrando o acordo costurado pelos russos para destruição do arsenal químico sírio.
Esse acordo é um exemplo que, na opinião de Farkash, deve ser seguido para combater a violência e aprimorar a segurança nos países em conflito. "É preciso que os países criem tratados entre eles para fazer frente ao terror", opina. Nesse ponto, a Organização das Nações Unidas (ONU) é um órgão indicado como fundamental nas negociações. "Somente a cooperação entre os países será capaz de fortalecer a segurança internacional", conclui.



