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Mulheres trabalham em zona rural na Índia: país é o mais perigoso do mundo para elas, segundo levantamento da Fundação Thomson Reuters | Anindito Mukherjee/Bloomberg
Mulheres trabalham em zona rural na Índia: país é o mais perigoso do mundo para elas, segundo levantamento da Fundação Thomson Reuters| Foto: Anindito Mukherjee/Bloomberg

Apesar do esforço internacional para eliminar todas as formas de violência e discriminação contra as mulheres até 2030, os avanços são graduais. Uma em três mulheres deve experimentar algum tipo de violência física ou sexual ao longo da vida. O casamento infanto-juvenil ainda é uma prática frequente. Cerca de 750 milhões de meninas e mulheres casaram antes dos 18 anos. Isto resulta em gravidez que pode colocar a saúde delas em risco e limitando a frequência escolar e o acesso a outras oportunidade.  

Uma pesquisa feita pela Fundação Thomson Reuters apontou os países com as piores situações para as mulheres. Eles são a Índia, o Afeganistão, a Síria, a Somália e a Arábia Saudita.  Mas os problemas não são típicos só de países em desenvolvimento. Os Estados Unidos aparecem em décimo no ranking. É o único país de Ocidente a aparecer nos top 10. Ao lado da Síria, é o terceiro país considerado para as mulheres em termos de violência sexual , incluindo estupro, assédio sexual, coerção e dificuldades de acesso à Justiça em casos de estupro. 

Índia: a situação vem piorando

A situação das mulheres na Índia vem piorando nos últimos anos. Na última pesquisa realizada sobre o tema, há sete anos, o país asiático estava na quarta posição no ranking dos lugares mais perigosos do mundo para as mulheres.

O segundo país mais populoso do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes, é o pior em três tópicos: risco de violência e assédio sexual; perigo frente a práticas tradicionais, culturais e tribais e tráfico humano, incluindo trabalho forçado, escravidão sexual e servidão doméstica. 

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A violência contra as mulheres foi responsável por ampla indignação nacional e internacional e protestos. Os maiores ocorreram em 2012, após o estupro coletivo e a morte de uma estudante em um ônibus em Nova Déli. Críticos do primeiro-ministro Narendra Mori apontam que ele não fez nada para proteger as mulheres. 

Afeganistão: ajuda internacional é insuficiente

O Afeganistão perdeu a liderança para a Índia no ranking do pior país para as mulheres viverem. Mas isto não significa que a situação melhorou. Aproximadamente 17 anos após a derrubada do regime islâmico talibã, as mulheres enfrentam situações terríveis, mesmo com organizações de ajuda internacional injetando bilhões de dólares no país. O Afeganistão é o país mais perigoso para as mulheres em três quesitos: violência não sexual, como a relacionada a conflitos internos e a abusos domésticos; o pior acesso a cuidados de saúde e as dificuldades para acesso a recursos financeiros e discriminação em relação a empregos. 

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O país é o 171°, entre 188 países, no ranking do Índice de Desigualdade de Gênero, realizado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. A ONU acusa o Afeganistão de permitir ampla brutalidade contra as mulheres e aponta que o país tem falhado em processar acusados de violência sexual contra as mulheres que, frequentemente, são confinadas em casa e ficam subordinadas aos homens. 

Síria: guerra prejudica situação das mulheres

O país, que se encontra em uma guerra civil há sete anos, é o terceiro pior para as mulheres viverem. O conflito dizimou os serviços prestados em todo país. Mais de meio milhão de pessoas foram mortas. Outros 5,5 milhões de pessoas vivem como refugiados nos países próximos e outros 6,1 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir de suas casas. 

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A Síria é o segundo pior país em termos de dificuldades no acesso a condições de saúde e em relação a violência não sexual. Junto aos Estados Unidos é o terceiro pior país em relação a violência e assédio sexual e o sétimo em dificuldades de acesso a recursos econômicos. 

Somália: terra de ninguém

A Somália é como se fosse uma terra de ninguém: o governo central tem pouco controle sobre o território. O país do Chifre da África encontra-se em guerra civil desde 1991, com o governo lutando para assegurar o controle de áreas pobres e rurais que se encontram nas mãos do grupo terrorista Al Shabaab. Mais da metade da população – 6,2 milhões de pessoas – precisam de ajuda emergencial, como comida, água e abrigo, devido ao conflito e à forte seca. 

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Somália é o terceiro pior país para as mulheres em termos de condições de acesso a cuidados de saúde e por coloca-las em risco frente às práticas tradicionais e culturais. É, também, o quinto país com as piores condições de acesso a recursos econômicos, nono em relação à violência não sexual e décimo em violência sexual. 

Arábia Saudita: melhorando lentamente

A situação para as mulheres na Arábia Saudita tem melhorado lentamente. Neste domingo, elas conquistaram o direito de tirarm carteira de motorista e dirigir. Mesmo assim é o quinto país mais perigoso para as mulheres.

Marcada pelo conservadorismo, a Arábia dificulta o acesso das mulheres a recursos econômicos. Entre as práticas comuns no país estão discriminação no emprego e em relação a direitos de propriedade e dificuldades para elas ganharem a vida. 

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A Arábia Saudita, sob a influência do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, pretende ampliar a presença das mulheres na força de trabalho, que atualmente é de 19%. Mas, a segregação de gênero permanece em muitos ambientes de trabalho. A lei da tutela, que obriga que as mulheres precisem de autorização para viajar para fora do país e casar, por parte de um parente do sexo masculino, continua em vigor.

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