• Carregando...
Pessoas escrevem mensagem durante encontro para homenagear as vítimas do ataque em duas mesquitas da Nova Zelândia na embaixada do país em Bruxelas, Bélgica, 15 de março. Foto: Laurie Dieffembacq / AFP
Pessoas escrevem mensagem durante encontro para homenagear as vítimas do ataque em duas mesquitas da Nova Zelândia na embaixada do país em Bruxelas, Bélgica, 15 de março. Foto: Laurie Dieffembacq / AFP| Foto:

A viagem de Adeeb Sami para a Nova Zelândia deveria ser alegre - uma chance para o pai, que mora em Dubai, surpreender seus filhos gêmeos a tempo do aniversário deles.

Em vez disso, o homem de 52 anos acabou tendo que fazer uma cirurgia para retirar uma bala de sua espinha depois de mergulhar na frente de seus dois filhos para protegê-los de um atirador que invadiu uma mesquita em Christchurch na sexta-feira (15), informou o jornal Gulf News, de Dubai.

Quando o massacre acabou, o atirador havia matado 41 pessoas. Um ataque em outra mesquita matou mais sete pessoas, e uma vítima morreu no hospital, deixando o país em choque após o tiroteio mais letal da história recente.

"Meu pai é um verdadeiro herói", disse a filha de Sami, Heba, ao Gulf News na sexta-feira. "Ele levou um tiro nas costas perto de sua espinha em uma tentativa de proteger meus irmãos, mas ele não deixou nada acontecer com eles."

A polícia da Nova Zelândia não divulgou os nomes das pessoas mortas no ataque, mas documentos listavam uma das vítimas como Salwa Mirwan Mohamad.

Acredita-se que crianças estejam entre os mortos e feridos. Heba disse ao jornal de Dubai que perdeu cinco amigos da família, incluindo um menino de 12 anos, no ataque.

Abdulrahman Hashi, 60 anos, pregador da Mesquita Dar Al Hijrah, em Minneapolis (EUA), disse ao The Washington Post que seu sobrinho de 4 anos de idade estava entre os mortos. Ele recebeu um telefonema na manhã de sexta-feira de seu cunhado Adan Ibrahin Dirie, que estava no hospital com ferimentos de bala. Dirie participava do culto em Christchurch naquela manhã com seus cinco filhos quando o atirador abriu fogo. Quatro de seus filhos escaparam ilesos, mas o mais novo, Abdullahi, foi morto.

A família tinha fugido da Somália em meados da década de 1990 como refugiados e reassentados na Nova Zelândia.

"Você não pode imaginar como me sinto", disse ele. "Ele era o mais novo da família." Ele disse que pregaria contra a islamofobia durante as orações de sexta-feira. "Esse é um problema de extremismo. Algumas pessoas acham que os muçulmanos em seu país fazem parte disso, mas são pessoas inocentes".

O atirador transmitiu ao vivo o ataque às mídias sociais. Em imagens de vídeo assustadoras, o assassino se aproxima da entrada da mesquita e ergue sua arma. Um homem tenta cumprimentá-lo com calma, dizendo "Olá, irmão". Então o atirador abre fogo. Além dos 49 mortos nas duas mesquitas, dezenas de outros foram feridos ou estão desaparecidos.

Shafiqur Rahman Bhuiyan, cônsul honorário do Bangladesh em Auckland, disse à agências de notícias Associated Press que pelo menos três bengaleses foram mortos no ataque e outros ficaram feridos. "Uma perna de uma pessoa ferida precisou ser amputada, enquanto outra pessoa teve ferimentos de bala no peito", disse ele.

O jornal estatal Petra, da Jordânia, informou que dois jordanianos foram mortos no ataque, e o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores paquistanês, Mohammad Faisal, twittou que quatro paquistaneses ficaram feridos e outros cinco estão desaparecidos.

No Facebook, uma usuária chamada Alta Marie disse que seu marido Zulfirman Syah e seu filho foram baleados no Centro Islâmico Linwood, em Christchurch.

"Há pouco reencontrei o meu filho, que levou tiros na perna e nas costas", escreveu ela. "Ele está traumatizado, mas estamos todos vivos."

Asim Mukhtar, secretário-geral da Associação Paquistanesa da Nova Zelândia, disse ao The Post em um telefonema que pelo menos dois membros da comunidade paquistanesa ficaram feridos na sexta-feira, e cinco estão desaparecidos. Ele disse que a mesquita Al Noor é a maior em Christchurch, e que o tiroteio começou 15 minutos antes das orações de sexta-feira, quando muitas pessoas ainda estavam no estacionamento ou caminhando em direção à mesquita. Se o tiroteio tivesse começado no meio da oração, ele disse, ele acha que o número de mortos teria sido maior.

"Este é um momento de aflição, estamos devastados, não sabemos por que isso aconteceu", disse ele. "Esta é provavelmente a última coisa em nossa mente, quando vivemos na Nova Zelândia, que isso irá acontecer."

"Nós realmente não estamos nos sentindo seguros no momento", acrescentou.

Um grupo chamado Syrian Solidarity New Zealand disse que refugiados sírios estavam dentro da mesquita quando ela foi atacada.

Ali Akil, um porta-voz do grupo em Auckland, disse ao Post que membros de uma família de refugiados da Síria estavam dentro da mesquita no momento do ataque. O pai da família foi morto, um filho foi ferido e outro desapareceu, disse ele, citando informações que recebeu de um amigo da família.

A família havia fugido da guerra civil na Síria em busca de "um porto seguro, para depois ser morta aqui", disse ele.

Yasmin Ali disse ao canal 1 News da Nova Zelândia que ela perdeu um amigo próximo da família que ela amava como um avô e agora teme que ela possa ser alvo apenas por usar lenço em público.

"Amigos da família que conhecemos há 19 anos - mortos. Pessoas que estavam lá para o meu noivado - mortos", disse Ali à emissora. "Você não acha que algo assim pode acontecer na Nova Zelândia, em Christchurch, que tem uma comunidade tão pequena, gentil e amorosa."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]