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Com realismo e esforço para ser compreensivo diante das medidas drásticas que estão sendo tomadas em seu país, o professor Nuno Côrte-Real, diretor da Escola de Gestão Empresarial (EGE) da Universidade Católica do Porto, diz acreditar que o governo demorou a tomar medidas de austeridade e admitir a gravidade da crise. "É desprestigiante não podermos nos resolver por nós próprios", tenta explicar.

Segundo o professor, o país perdeu a oportunidade de investir nas áreas certas quando entrou na União Europeia, em 1986. "Desperdiçamos os recursos que recebemos", constata. Houve melhorias em alguns aspectos da infraestrutura, mas não foi planejado um crescimento a longo prazo: "Temos estradas ótimas. Mas não investimos no setor primário, nem nas exportações. Não tratamos de nos tornar mais modernos e competitivos. Quando não há riqueza, não há o que distribuir", diz.

Como cidadão português, Côrte-Real sente a diferença no bolso: seu salário foi reduzido em 5%. A Universidade Católica, entre outras instituições privadas, se inspirou nas decisões do governo e também fez cortes nas folhas de pagamento. O professor aceita a diminuição salarial e acha que esse tipo de medida é necessária. "O país e a população estavam vivendo acima de suas possibilidades. As pessoas tinham salários muito altos e havia um consumo descontrolado. Agora vão ter que pagar a fatura", reconhece. Mas ele ressalta que esses cortes salariais e os prováveis congelamentos nas aposentadorias devem ser feitos com justiça e equidade para não sacrificar de mais os que ganham menos.

Além das medidas econômicas, a solução está no rumo político que país deve tomar. A perspectiva é que, nas eleições de junho, não seja eleita maioria absoluta de nenhum partido. Na opinião do professor, governo e oposição devem "deixar guerrinhas políticas e se unir pelo essencial". Seria o que chamam de Governo de Salvação.

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