
Tóquio - No dia em que a tripla tragédia terremoto, tsunami e vazamento radioativo que atingiu o Japão completou uma semana, a agência nuclear japonesa elevou oficialmente a gravidade do acidente de 4 para 5, numa escala internacional que vai até 7.
O desastre de 11 de março já é a maior catástrofe natural do Japão. Na Escala Internacional de Eventos Nucleares, o nível 4 refere-se a acidentes "com consequências de alcance local". O 5 define aqueles "com consequências de maior alcance e maior liberação de material radioativo. No grau 7, há amplos efeitos na saúde humana e no ambiente.
A elevação equipara o acidente na usina de Fukushima 1 ao pior da história dos EUA, quando houve derretimento parcial do núcleo do reator de Three Mile Island, em 1979. Chernobyl, que matou milhares de pessoas por câncer na ex-URSS em 1986, atingiu o nível 7 na escala.
Apesar da mudança na classificação, o governo japonês não aumentou a área de onde os moradores têm de ser retirados ela continuou sendo um raio de 20 quilômetros em torno dos reatores.
A reclassificação ocorreu dois dias depois de o chefe da comissão nuclear dos EUA, Gregory Jaczko, dizer ter informações de que faltava água no reservatório de um reator, o que tornava a radiação "muito alta". A Tepco, que gere a usina, negou.
Fukushima 1 tem seis reatores. Desde sábado, dia seguinte ao tsunami, quatro deles apresentaram problemas que incluíram explosões de hidrogênio, incêndios e, conforme se suspeita, derretimento parcial do núcleo.
Mesmo com o aumento, a avaliação japonesa continua abaixo da classificação feita pela Autoridade Francesa de Segurança Nuclear (ASN) que havia classificado inicialmente o acidente como cinco, mas mudou nesta semana ao nível seis.
Ontem seguiram as tentativas de resfriar os reatores com o auxílio de sete caminhões de bombeiro que arremessavam água do mar. Enquanto isso, engenheiros continuavam tentando religar a energia elétrica para que o sistema original de resfriamento volte a funcionar.
Segundo a Tepco, a linha de transmissão externa já foi conectada à usina e os engenheiros tentarão religar o sistema, começando pelo reator 2, neste final de semana.
Pela primeira vez, o governo do Japão reconheceu não ter respondido à tragédia com a rapidez adequada. Segundo seu porta-voz, Yukio Edano, os planos de contingência feitos pelo governo não conseguiram antecipar as dimensões do desastre.
ONU
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), das Nações Unidas, disse ontem que as condições na usina nuclear japonesa de Fukushima amplamente danificada pelo terremoto de magnitude 9 seguido de tsunami são graves mas "não estão piorando".
"A situação no complexo nuclear de Fukushima 1 continua a ser muito séria, mas não houve piora significativa desde o informe de quinta-feira", disse Graham Andrew, representante da AIEA. "A situação nos reatores nas unidades 1, 2 e 3 continuam relativamente estáveis.", acrescentou.
Segundo a AIEA, o núcleo dos reatores sofreu danos e teriam derretido parcialmente diante do aumento da temperatura, uma consequência da falha no sistema de refrigeração, causada pelo tremor.



