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Desafios

País se recupera, mas ainda enfrenta crise na economia

Embora tenham superado percalços causados pela tragédia de 2011, japoneses precisam lidar com outras dificuldades, como a crise na Europa

Kesennuma é uma paisagem de destruição na imagem do alto, feita em 15 de março de 2011. Acima, na última quarta-feira, ela aparece livre dos escombros, mas o descampado é ainda uma lembrança da tragédia | Kyodo/Reuters
Kesennuma é uma paisagem de destruição na imagem do alto, feita em 15 de março de 2011. Acima, na última quarta-feira, ela aparece livre dos escombros, mas o descampado é ainda uma lembrança da tragédia (Foto: Kyodo/Reuters)

O Japão conseguiu se recuperar de boa parte dos choques econômicos trazidos pelo terremoto e pe­­lo tsunami que atingiram o país em 11 de março do ano passado, mas agora precisará lidar com ou­­tros fatores prejudiciais ao crescimento, como a crise financeira na Europa e a rápida valorização do iene, que torna os produtos japoneses mais caros no mercado in­­ternacional.

Após oito anos de expansão, a economia do Japão encolheu de forma acentuada entre os anos de 2008 e 2009, sentindo os efeitos da crise financeira mundial, que atingiu principalmente as nações desenvolvidas.

Em 2010, quando o Produto In­­terno Bruto (PIB) japonês voltou a crescer, havia amplas expectativas de que a trajetória de recupera­­ção seria mantida. O desastre na­­tural e nuclear que atingiu o país, entretanto, cobrou seu preço: a economia do país encolheu 0,9%, em grande parte por causa do terremoto e do tsunami, que mu­­da­­ram completamente o ce­­nário ob­­servado até aquele mo­­mento.

As regiões mais atingidas, no litoral leste do Japão, representavam apenas 2,5% de toda a economia japonesa segundo dados do governo. Apesar disso, houve im­­pactos significativos sobre a in­­dústria local.

O segmento mais atingido foi o automotivo. Vários fornecedores de autopeças tiveram de interrom­­per as atividades e uma fábrica da Nissan na cidade de Iwaki, com capacidade para produzir 370 mil motores por ano, foi severamente danificada, levando cerca de dois meses para voltar a operar com força total. A Toyota, que produz metade de seus veículos no Japão, também foi prejudicada.

Outro fator que contribuiu pa­­ra desacelerar a economia do país foram os cortes de eletricidade provocados direta e indiretamente pelo derretimento de três reatores na usina nuclear Daiichi, em Fukushima. O evento impediu a unidade de gerar energia e resultou no vazamento de material ra­­dioativo, levando as autoridades japonesas a ordenarem a interrup­­ção das atividades em outras usinas para inspeções de segurança.

Apesar disso, "a economia ja­­ponesa está superando a turbulên­­cia causada pelo terremoto de 11 de março e pelos problemas com o fornecimento de eletricidade sub­­sequentes", de acordo com um re­­latório elaborado por analistas do Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ.

Segundo eles, o PIB do Japão teve uma recuperação significativa no terceiro trimestre do ano passado e voltou a encolher nos últimos meses de 2011 basicamente por causa da desaceleração da economia mundial e da apreciação do iene.

Para analistas do banco No­­mura, uma piora na crise das dívidas soberanas da Europa poderia afetar o crescimento do Japão, mas há alguns fatores que podem dar suporte à expansão do país no primeiro semestre deste ano.

"Achamos que a recuperação no Japão desacelerou acentuadamente desde meados do ano passado por causa da escassez de eletricidade e também porque levou tempo para a demanda da reconstrução surgir", afirmaram, acrescentando que ainda havia entulho sendo removido das áreas des­­truídas e que houve demora na aprovação dos planos de investimento público nessas regiões. "O crescimento na produção de automóveis deve ajudar a economia do Japão no primeiro se­­mes­­tre de 2012, assim como a de­­manda ge­­rada pela reconstrução", preveem os economistas do Nomura.

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