Num decreto divulgado neste sábado, o papa Bento 16 autorizou a disseminação da antiga missa em latim e disse aos 1,1 bilhão de católicos em todo o mundo que não há nada a temer em seu aceno de aprovação aos tradicionalistas.
Em carta aos bispos, o pontífice nascido na Alemanha rejeitou as críticas internas à Igreja de que sua atitude, há muito esperada, possa dividir os católicos e retroceder das reformas introduzidas nos anos 1960, às quais muitos tradicionalistas se opõem.
O Concílio Vaticano Segundo (1962-1965) substituiu o latim pelos idiomas locais na liturgia, aproximou-se de outras religiões e aboliu textos -que agora podem ser resgatados- considerados particularmente ofensivos pelos judeus.
"Esses temores são infundados", disse o papa na carta.
"O que as gerações anteriores viam como sagrado continua a ser sagrado e importante para nós, e não pode ser totalmente proibido repentinamente, nem mesmo considerado prejudicial."
Católicos em todo o mundo terão a bênção do papa para pedir que seus padres celebrem a missa em latim -e até que os batismos e casamentos ocorram segundo o antigo ritual latino.
Se o padre recusar, eles podem apelar ao bispo que, disse o papa, "é veementemente recomendado a satisfazer tais pedidos". Se ainda não tiverem sucesso, podem recorrer ao Vaticano.
Anteriormente, os bispos tinham o poder de autorizar ou proibir o uso de latim nas missas.
O papa diz que sua intenção é se reconciliar com os tradicionalistas, alguns dos quais ficaram tão irritados com as reformas do Concílio Vaticano Segundo que romperam com a Igreja, provocando o primeiro cisma dos tempos modernos.
A maior organização dos tradicionalistas é a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, fundada pelo falecido arcebispo francês Marcel Lefebvre e que alega ter cerca de 1 milhão de membros.
"É uma questão de chegar a uma reconciliação interior no coração da Igreja", disse o papa. "Olhando em retrospecto, para as divisões ... os líderes da Igreja não fizeram o suficiente para manter ou resgatar a reconciliação e a unidade."



