
A bordo do avião que o levaria ao México e depois a Havana, o Papa Bento XVI comentou um objetivo de sua viagem a Cuba: ratificar o apoio do Vaticano ao processo de reformas econômicas do regime comunista empreendido por Raúl Castro "num espírito de diálogo para evitar traumas".
Como seu antecessor fizera em 1998, o Papa também criticou o marxismo e o sistema comunista, que, segundo ele, "não corresponde mais à realidade". Mas frisou: "Novos modelos têm de ser encontrados com paciência e de uma maneira construtiva".
Ele disse ainda querer "contribuir num espírito de diálogo para evitar traumas e ajudar o caminho rumo à uma sociedade fraternal e justa." Foi uma chancela à atuação da cúpula católica em Ha- vana. A igreja tem abrigado espaços de debate sobre as reformas tolerados pelo regime Castro e ganhou peso político quando o cardeal Jaime Ortega negociou a liberação de mais de cem prisioneiros políticos em 2010.
Por outro lado, setores da oposição têm cobrado mais apoio. Na semana passada, um grupo de 13 dissidentes invadiu uma igreja em Havana e exigia que o Papa Bento XVI levasse suas demandas a Raúl Castro.
Após dois dias, a polícia desalojou os manifestantes a pedido da igreja. Questionado sobre a situação dos direitos humanos na ilha, o Papa respondeu: "É óbvio que a Igreja está sempre do lado da liberdade".
Ao deixar Roma ontem Bento XVI, que completa 85 anos em abril, apareceu em público pela primeira vez usando uma bengala.
Em 2011, ele começou a utilizar uma plataforma móvel para se deslocar em missas.
O Vaticano diz que o objetivo é evitar que ele se canse e afirma que o uso não indica problemas graves de saúde.
Bento XVI desembarcou no México no início da noite no Brasile prometeu atacar duramente os cartéis de drogas e a violência decorrente do tráfico no país.
O Papa fica no México até segunda-feira, quando viaja a Havana. É a primeira visita dele à América espanhola.



