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O papa Pio XII, acusado por críticos de fazer vista grossa à morte de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, ficou um passo mais próximo de virar beato e depois santo, quase cinco décadas após sua morte, disse uma fonte do Vaticano na quarta-feira.

A Congregação da Causa dos Santos votou a favor de um decreto que reconhece as "virtudes heróicas" de Pio XII, um marco importante no longo processo iniciado em 1967, segundo a fonte.

Se o papa Bento XVI aprovar o decreto, como é esperado, Pio XII receberia oficialmente o título de "venerável", e o Vaticano passaria a buscar milagres atribuídos ao falecido pontífice, para sua beatificação.

O pontificado de Pio XII é um dos problemas mais complicados das relações entre católicos e judeus desde a Segunda Guerra.

Grupos judaicos acusam Pio XII de ter sido indiferente ao Holocausto, e os laços diplomáticos entre Vaticano e Israel foram postos à prova no mês passado devido a uma menção a ele no memorial israelense para o Holocausto.

Uma legenda sob a foto de Pio XII no local dizia que ele "se absteve de assinar a declaração dos Aliados condenando o extermínio de judeus", e "manteve sua posição neutra durante toda a guerra".

O núncio apostólico (embaixador) do Vaticano em Israel ameaçou boicotar uma cerimônia no memorial do Holocausto, mas acabou recuando.

O cardeal Eugenio Pacelli, eleito papa em 1939 sob o nome Pio XII, havia sido núncio apostólico na Alemanha entre 1917-29 e secretário de Estado do Vaticano de 1930 a 39. Ele morreu em 1958.

O Vaticano afirma que Pio XII nunca se pronunciou mais incisivamente contra o Holocausto porque temia piorar a situação de católicos e judeus, mas que teria atuado nos bastidores para salvar judeus.

O papa Bento XVI sinalizou que o Holocausto seria um tema importante de seu pontificado ao rezar, no ano passado, no antigo campo de extermínio de Auschwitz. Dizendo-se "filho da Alemanha", ele questionou o silêncio de Deus enquanto 1,5 milhão de pessoas, a maioria judeus, morriam no local.

Como jovem, durante a guerra, Joseph Ratzinger - o nome de batismo do atual papa - foi forçado a aderir à Juventude Hitlerista, mas nunca entrou no partido nazista, e sua família era contra o regime totalitário, segundo biógrafos.

Grupos judaicos há anos pressionam o Vaticano a paralisar ou abandonar o processo de beatificação de Pio XII, por temer que isso prejudique as relações entre católicos e judeus.

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