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O Papa Bento XVI afirmou que a teoria da evolução de Charles Darwin não pode ser provada completamente porque as mutações ao longo de centenas de milhares de anos não podem ser reproduzidas em laboratório.

Esta foi a primeira vez, desde que assumiu o cargo de Sumo Pontífice, em 19 de abril de 2005, que ele elaborou suas visões sobre a evolução.

O Papa elogiou o progresso científico e não endossou as visões daquilo que ele chamou de "design inteligente" sobre a origem da vida. As declarações foram publicadas nesta quarta-feira (11) na Alemanha, no livro "Schoepfung und Evolution" ("Criação e Evolução").

O "design inteligente" argumenta que algumas formas de vida são complexas demais para terem evoluído ao acaso, como Darwin propôs em seu livro de 1859 "A Origem das Espécies". A teoria afirma que uma inteligência maior deve ter feito isso, mas não a menciona como Deus.

"Razão de Criação"

"O processo em si é racional, apesar dos erros e da confusão quando passa por um corredor estreito, escolhendo algumas poucas mutações positivas e usando baixa probabilidade", diz Bento XVI.

"Isso... inevitavelmente leva à questão que vai além da ciência... de onde vem esta racionalidade?", pergunta. Em resposta à própria questão, ele afirma que vem da "razão de criação" de Deus.

No livro, Bento XVI defende o que ficou conhecido como "evolução teísta", a visão das igrejas Católica Romana, Ortodoxa e Protestante de que Deus criou a vida através da evolução e que religião e ciência não precisam confrontar-se por isso.

Ele argumenta que a evolução tem uma racionalidade que a teoria de seleção puramente aleatória não consegue explicar.

Estes argumentos, propostos principalmente por protestantes conservadores e derivados de cientistas, provocam batalhas sobre o ensino da evolução nos Estados Unidos. Alguns cristãos europeus e turcos muçulmanos reproduziram recentemente estas visões.

"A ciência abriu grandes dimensões da razão...e por isso nos trouxe novas percepções", disse o Papa, ex-professor de teologia, em um seminário fechado com seus antigos estudantes de doutorado em setembro, documentado pelo livro.

"Mas na alegria com a amplitude de suas descobertas, tende a nos afastar das dimensões da causa que ainda precisamos. Seus resultados levam a questões que vão além de suas regras de método e não podem ser respondidas dentro dele", disse.

"O tema está retomando uma dimensão de causa que perdemos", afirmou, acrescentando que o debate da evolução trata na verdade "das grandes questões fundamentais da filosofia - de onde vieram o homem e o mundo e para onde estão indo."

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