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Presidiário faz o sinal da cruz com os dedos, pouco após a visita do papa Francisco à penitenciária Palmasola, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia | ALESSANDRO BIANCHI/REUTERS
Presidiário faz o sinal da cruz com os dedos, pouco após a visita do papa Francisco à penitenciária Palmasola, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia| Foto: ALESSANDRO BIANCHI/REUTERS

No último dia da viagem à Bolívia, o papa Francisco teve um encontro emocionante com detentos do presídio de Palmasola, na periferia de Santa Cruz de la Sierra, onde ouviu denúncias de dificuldades de acesso à Justiça e corrupção e relatos de superlotação, violência e má qualidade da alimentação.

Em discurso, o papa pediu respostas imediatas para tantos problemas e melhores condições nas cadeias. “Reclusão não é o mesmo que exclusão”, afirmou. “São muitos os elementos que jogam contra, sei muito bem, a superlotação, a lentidão da justiça, a fala de terapias ocupacionais e de políticas de reabilitação, a violência fazem necessária uma rápida e eficaz aliança institucional para encontrar respostas”, afirmou.

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O pontífice optou por um pronunciamento mais voltado para a solidariedade com os presos, em vez de cobranças diretas de providências contra a corrupção e as injustiças. “Sou um homem perdoado que foi e é salvo dos seus pecados”, disse a homens e mulheres que cumprem pena em Palmasola. “Eu também tenho meus erros e devo fazer penitências”, afirmou.

Palmasola é considerado o presídio mais violento da Bolívia.

O papa pediu aos presos que se ajudem mutuamente e busquem na religião um alívio para o sofrimento na cadeia. Disse que o sofrimento e a privação de liberdade podem levar ao egoísmo, à violência e ao desespero. “O diabo procura a briga”, afirmou.

Francisco lembrou os discípulos Pedro e Paulo, que também estiveram presos. “Eles rezaram, e (outras pessoas) rezaram por eles. Duas ações que geram entre si uma rede que sustenta a vida e a esperança”, afirmou.

Condenado a 20 anos por homicídio, o detento Andres de Jesus, de 22 anos, em Palmasola desde os 19, disse que, no início, se admirou com os presos dormindo no chão, mas hoje vê com naturalidade e lembrou a rebelião que deixou 35 pessoas mortas em 2013. “Alguns dormem como bichos, como animais e isso hoje me parece comum. Precisamos de alimentação digna, programas reais de reabilitação social e verdadeira justiça”, afirmou.

A presa Ana Lia Parada, encerrou aos prantos um discurso em que denunciou o “terrorismo jurídico”, em que apenas os que podem pagar advogados caros têm acesso à Justiça. Ela pediu que o papa interceda pela libertação de presas idosas, com doenças terminais e que já tenham cumprido um terço da pena, no caso das condenadas a mais de trinta anos.

Bispo responsável pela pastoral penitenciária, o monsenhor Jesús Juárez, também fez graves denúncias em discurso ao papa: “É escândalo a demora da justiça na Bolívia onde 24% dos presos não têm sentença, estão custodiados”.

O papa chegou em carro fechado ao presídio, mas passou para um veículo aberto depois de atravessar o portão. De maneira ainda mais afetuosa que em outros compromissos no país, cumprimentou presos, agentes penitenciários, voluntários e muitas crianças.

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