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A derrota do ex-presidente Néstor Kirchner nas eleições para a Câmara de Deputados traz a expectativa de que os dois últimos anos da gestão da mulher, Cristina, à frente da Casa Rosada sejam mais mansos. Tanto na política interna quanto em âmbito regional.

Depois de confrontar a bancada ruralista para tentar elevar impostos, com o enfrentamento de produtores que pararam o agronegócio do país no ano passado, e de romper com o vice-presidente Julio Cobos, que derrubou com seu voto de Minerva o projeto de lei antirruralista do governo, analistas esperam uma continuação de mandato marcada pela negociação.

"A presidente Cristina terá muitos problemas para fazer o que gostaria, e pode haver afrouxamento", avalia o professor das faculdades Santa Cruz Hugo Eduardo Meza Pinto.

A dúvida é se o governo terá facilidade para negociar – verbo não muito conjugado desde o início do governo Kirchner, que começou com Néstor em 2003. "A negociação que eles não sabiam fazer com maioria no Congresso, agora será forçosa (sem a maioria). Será uma prova de fogo para eles não serem radicais", diz o pesquisador do laboratório de estudos do tempo presente da UFRJ Daniel Santiago Chaves.

Caso eles não passem nessa prova, restaria a opção de governar de cima para baixo, por meio de resoluções ministeriais.

No âmbito regional, o Mercosul também perdeu nos últimos cinco anos com a atitude impositiva do casal Kirchner, o que foi acirrado pela crise econômica. Num contexto em que cada país se volta para resolver seus problemas internos, a relação Brasil-Argentina perdeu o vigor de anos anteriores.

O que também foi influenciado pelo alinhamento dos Kirchner com o venezuelano Hugo Chávez. Nas próximas eleições presidenciais, em 2011, os argentinos sinalizam que darão preferência a alguém que trilhe caminhos semelhantes a Brasil e Chile, com política externa mais ponderada.

Rota descendente

Os sinais do enfraquecimento do primeiro-casal são claros para o professor Meza Pinto. "Só o fato de ele sair da liderança do partido (peronista) é um grande sinal de aceitação da derrota", diz.

Ele explica o desencantamento das classes populares, que sustentaram as vitórias ininterruptas dos Kirchner desde 2003. "É uma classe que muda de voto dependendo dos acontecimentos", diz o professor Meza Pinto.

A própria gripe suína contribuiu para desaquecer a popularidade da presidente Cristina. "O fato de ela ter se alastrado de forma violenta, com vários casos de morte, passou a impressão de que o governo não estava preparado para lidar com a situação", completa.

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