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Pressão de Trump

Para “conter” influência da China, Panamá autoriza tropas dos EUA no acesso ao canal, mas não bases

Navio porta-contêineres no Canal do Panamá (Foto: Carlos Lemos / EFE)

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O governo do Panamá autorizou a presença de tropas dos Estados Unidos em áreas adjacentes ao Canal do Panamá, conforme anunciado nesta quinta-feira (10), por meio de um acordo assinado pelo ministro de Segurança panamenho, Frank Ábrego, e pelo secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, que permite que militares americanos realizem treinamentos e exercícios conjuntos em instalações previamente autorizadas, incluindo duas bases aeronavais e um aeroporto.

Contudo, o presidente panamenho, José Raúl Mulino, enfatizou que este acordo não inclui a instalação de bases militares permanentes dos EUA no local, nem a cessão de território, considerando tais termos "inaceitáveis".

Durante sua visita ao Panamá, Hegseth destacou a preocupação dos EUA com a influência da China na região, afirmando que o país está "recuperando o canal". A declaração do secretário de Defesa americano reflete as preocupações do governo do presidente Donald Trump, que acusou a China de estar controlando o a hidrovia e até mesmo ameaçou “retomar” o controle do canal estratégico para o comércio dos EUA. No local, transita mais de 40% do tráfego de contêineres americanos, avaliado em cerca de US$ 270 bilhões por ano.

Mulino, em um evento em Lima, no Peru, afirmou que o memorando de entendimento assinado com os EUA é "operacional e administrativo" e que, em versões anteriores, foram retirados os conceitos de "presença militar permanente", "bases militares" e "cessão de território", por serem “inaceitáveis”. Ele também reconheceu que houve dificuldades em impor o critério da soberania panamenha durante as negociações, mas que os EUA reconheceram isso.

O ministro das Relações Exteriores do Panamá, Javier Martínez-Acha, garantiu que o acordo é temporário e que o país pode se retirar quando julgar conveniente. Ele também afirmou que o pacto busca fortalecer a cooperação em defesa do canal, diante de ameaças percebidas à segurança nacional.

A decisão do Panamá de permitir a presença militar dos EUA em áreas próximas ao canal ocorre após o país anunciar sua saída da Iniciativa do Cinturão e Rota da China (também conhecido como Nova Rota da Seda – uma forma da China ampliar sua influência) e iniciar auditorias em empresas chinesas que ainda operam os portos de Balboa e Cristóbal, entradas e saídas do canal.

O acordo entre Panamá e EUA terá duração inicial de três anos, podendo ser prorrogado, e estabelece que as instalações utilizadas pelos EUA permanecerão sob propriedade do Estado panamenho, sendo de uso conjunto pelas forças de segurança de ambos os países.

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