O jornal do Vaticano Osservatore Romano defendeu nesta terça-feira (2) em seu editorial que a declaração de "morte cerebral" não pode mais ser parâmetro para definir o fim de uma vida, e deve ser revista em virtude dos novos avanços científicos. A declaração contraria o "Relatório de Harvard", que há 40 anos modificou a definição de morte. Na época, paradas cardíacas, circulatórias e respiratórias eram o que definia a morte, mas o relatório demonstrou que o parâmetro deveria ser a morte encefálica.
Na época, a Igreja Católica havia aceitado a definição, proclamando-se favorável à retirada dos órgãos dos pacientes com morte cerebral. Posteriormente, porém, foi demonstrado que a "morte cerebral não corresponde à morte do ser humano", ressaltou o Osservatore Romano. Atualmente, a Igreja se encontra em uma situação delicada, pois "a idéia de que a pessoa deixe de existir quando o cérebro pára de funcionar considera a existência do ser levando em conta somente o funcionamento cerebral", defendeu o jornal. O editorial explicou ainda que "este fato entra em contradição com a concepção católica da existência e, desta forma, com as orientações da Igreja no que se refere aos casos de coma profundo".
O artigo levantou a possibilidade de que a definição de morte "tenha sido motivada mais por interesse, ou pela necessidade, de transplante de órgãos do que por um real avanço científico". Segundo o Osservatore Romano, muitos médicos, juristas e filósofos norte-americanos estão de acordo que "a morte cerebral não é a morte do ser humano". As informações são da Ansa.



