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Ditador Nicolás Maduro, da Venezuela, segura nota de bolívar | AFP/Venezuelan Presidency
Ditador Nicolás Maduro, da Venezuela, segura nota de bolívar| Foto: AFP/Venezuelan Presidency

Uma série de medidas econômicas entra em vigor na Venezuela nesta segunda, na tentativa de conter a grave crise econômica pela qual o país passa. Para inibir a hiperinflação, que o Fundo Monetário Internacional estima que chegará a 1.000.000% neste ano, o ditador Nicolás Maduro promoverá um corte de cinco zeros no bolívar, a moeda local, que perdeu quase todo o seu valor frente ao dólar nos últimos 12 meses, segundo a Bloomberg.

A nova moeda será o bolívar soberano e será atrelada ao petro, uma criptomoeda criada por Maduro no início do ano e que é lastreada nas reservas de petróleo e minerais do país. A intenção, de acordo com informações da Bloomberg, é de que os preços das mercadorias sejam fixados em petros. 

Maduro também prometeu restringir o sistema de subsídios à gasolina, que é a mais barata do mundo. Segundo o Global Petrol Prices, um observatório que acompanha os preços dos derivados do petróleo no mundo, o preço do litro da gasolina naquele país é de US$ 0,01, 25 vezes menor do que o do segundo colocado, o Irã. O preço médio mundial é de US$ 1,16. 

O preço subsidiado só será dado àqueles que registrarem seus carros em um censo, que vai até o dia 30, e tiverem o Carnê da Pátria, um instrumento de identificação usado pelo chavismo para controlar, por exemplo, a participação dos inscritos em eleições por meio de oferecimento de subsídios e bonificações. 

A medida está sendo duramente criticada. Especialistas apontam que os benefícios serão direcionados a aliados, tornando-a uma medida discriminatória e de controle político e social. Atualmente, de acordo com o economista Asdrubal Oliveros, da consultoria Ecoanalítica, o custo anual do subsídio é de US$ 5,5 bilhões. Isto corresponde a aproximadamente 5,5% do PIB previsto para este ano. 

Muitas dúvidas

O analista Luís Vicente León disse, segundo o jornal El Nacional, que a medida é previsível. “Na realidade, é um aumento geral do preço da gasolina, o que era necessário, com um discurso focado a aqueles que tem duas coisas pouco comuns: o carnê da pátria e carro. É um populismo discriminatório.” 

Segundo ele, o objetivo primordial da medida é o de aumentar a arrecadação do Estado. “A questão de manter subsídios por meio do carnê da pátria é um discurso para reduzir o custo político da medida.” Historicamente, aumentos no preço do combustível costumam gerar profundas convulsões no país. Uma tentativa de aumentá-lo, em 1989, resultou em uma revolta que acabou em, pelo menos, 276 mortes. 

O economista Henkel Garcia, da consultoria Econométrica, disse à Bloomberg que as medidas trazem mais dúvidas do que respostas e tendem a causar confusão entre os consumidores e as empresas. “É um mix de ideias incoerentes e contraditórias.” 

O Banco Central da Venezuela (BCV) também pretende aumentar os leilões de moeda estrangeira no país, com o objetivo de conter o mercado paralelo dólar. Entre três e cinco leilões semanais estão previstos. A medida faz parte de uma tentativa de flexibilizar o acesso da população à moeda estrangeira, que está restringida desde 2003. 

O problema é que a Venezuela sofre com a falta de dólares. A principal fonte são as exportações de petróleo, o principal produto comercializado pelo país no exterior. A produção está em queda. Os níveis, no ano passado, eram os piores desde 1990, segundo a petrolífera britânica BP. E a situação só tende a piorar, uma vez que a PDVSA, a estatal petrolífera, sofre com problemas de manutenção, falta de pessoal capacitado e de gestão, uma vez que assumiu empresas em vários setores.

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