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Mudança de acordo

Paraguai retira candidato apoiado por Trump de eleição da OEA com crítica velada ao Brasil

Lula e seu homólogo paraguaio, Santiago Peña, no Itamaraty, no ano passado (Foto: EFE/ Andre Borges)

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O presidente do Paraguai, Santiago Peña, anunciou nesta quarta-feira (5) a retirada da candidatura de seu ministro das Relações Exteriores, Rubén Ramírez, ao cargo de secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), depois que, segundo ele, "países amigos da região modificaram o acordo inicial" com o seu governo e decidiram "não acompanhar" o representante paraguaio.

O nome cotado recebeu o apoio de governos de direita como o dos EUA, de Donald Trump, do Panamá, de José Raúl Mulino, e da Argentina, de Javier Milei.

"Tomei a decisão de retirar a candidatura do ministro das Relações Exteriores, Rubén Ramírez Lezcano, um diplomata com uma longa carreira e um merecido prestígio, não apenas regional, mas mundial, para a Secretaria-Geral da OEA", anunciou Peña em comunicado divulgado pela Presidência.

A decisão foi divulgada após Costa Rica, Equador e República Dominicana se juntarem a Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia e Uruguai para apoiar a candidatura do chanceler do Suriname, Albert Ramdin.

"Essa candidatura tinha um objetivo inegociável: a recuperação da relevância institucional da OEA, dando-lhe um novo protagonismo baseado em uma gestão moderna e eficiente, que levasse em conta os laços de solidariedade e fraternidade que unem nosso continente, acima de interesses e ideologias particulares", argumentou.

Para o presidente paraguaio, "nessa visão, não há espaço para a separação de povos irmãos por razões ideológicas ou circunstanciais". Nesse sentido, enfatizou que "a candidatura, baseada nesses valores, teve grande receptividade e apoio de muitos Estados-membros da organização".

"No entanto, nos últimos dias e de forma abrupta e inexplicável, o Paraguai foi informado por países amigos da região, com os quais compartilhamos um espaço e uma história comuns, que eles modificaram seu compromisso inicial com nosso país e decidiram não apoiar a proposta do Paraguai", acrescentou, em uma crítica velada ao Brasil e outros países que seguiram apoiando outro candidato ao comando da OEA.

Peña defendeu que o Paraguai, "ao longo de sua rica história, tem sido um país que sempre baseou suas posições em princípios e valores tão elevados, e não renunciará a eles por causa de uma eleição ou situação particular".

Ele também agradeceu aos países que, "com convicção, ideais e princípios, mantiveram seu apoio" à candidatura promovida por Assunção.

Ramírez formalizou sua candidatura em setembro do ano passado, depois que Peña anunciou, no âmbito da 54ª Assembleia Geral da OEA que seu país sediou em junho de 2025, o interesse do chefe da diplomacia paraguaia em suceder o ex-chanceler uruguaio Luis Almagro à frente da organização interamericana.

Nesta quarta-feira, Costa Rica, Equador e República Dominicana expressaram apoio a Ramdin na disputa pelo cargo de novo secretário-geral da OEA para o período 2025-2030, como reflexo de seu "compromisso com a unidade regional, o fortalecimento do multilateralismo e a consolidação das instituições democráticas nas Américas", de acordo com os governos desses países em um comunicado conjunto.

Eles também defenderam a rotação regional na Secretaria-Geral da OEA como "um elemento-chave para garantir uma melhor representação geográfica dentro da região".

Na terça-feira, os governos do Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia e Uruguai já haviam anunciado seu apoio a Ramdin, destacando a "vasta experiência em diplomacia" do ministro surinamês, que foi eleito subsecretário-geral da OEA em junho de 2005, depois de ter se tornado assessor do secretário-geral em 2001.

O bloco liderado pelo Brasil defendeu a "posição única para abordar os desafios contemporâneos" dos países da região "oferecendo uma nova perspectiva que reflete as realidades e aspirações do Caribe e das Américas como um todo", de acordo com uma nota oficial conjunta divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores brasileiro.

Os cinco países, presididos por cinco líderes de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Luis Arce (Bolívia), Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia) e Yamandú Orsi (Uruguai), afirmaram que, após a "análise cuidadosa" das candidaturas, consideram que Ramdin representa "um passo significativo" em direção à unidade da região no atual contexto geopolítico.

"É também uma oportunidade histórica para o Caribe, que pela primeira vez poderá liderar essa importante área de integração", acrescentou o documento.

A votação para eleger o novo secretário-geral da OEA está marcada para 10 de março na sede da OEA, em Washington.

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