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Professores, empregados do correio e outros funcionários públicos da França uniram forças com os trabalhadores do setor de transporte na terça-feira para desafiar os planos de reforma do presidente Nicolas Sarkozy.

As manifestações nacionais sobre questões que vão da reforma no sistema previdenciário ao aumento do custo de vida atrapalharam o funcionamento de escolas, trens, agências postais e aeroportos. Elas representam a maior ameaça às reformas pretendidas por Sarkozy desde que o presidente elegeu-se, em maio.

Questionado sobre se a greve de uma semana nos transportes prejudicaria a economia, o ministro francês das Contas Públicas, Eric Woerth, respondeu: "Não durante algum tempo. Mas se durar mais, poderá obviamente haver consequências".

- Quando se decide não trabalhar, quase se decide evitar que mercadorias circulem de uma determinada forma, quando se impede as pessoas de chegarem aos lugares, obviamente pode surgir um problema em algum momento - disse Woerth à rádio France Inter.

Segundo o ministro, as greves custam à França algo entre 300 milhões de euros (439 milhões de dólares) e 400 milhões de euros por dia.

Os funcionários do sistema ferroviário opõem-se ao plano de Sarkozy de diminuir alguns direitos previdenciários do setor público. Eles votaram pela continuidade da greve iniciada na semana passada de forma que o movimento coincidisse com a paralisação nacional de um dia convocada por funcionários públicos para terça-feira.

Os funcionários públicos rejeitam os planos do governo de não substituir alguns dos aposentados, uma manobra com que Sarkozy espera reduzir gastos. E dizem que seu poder de compra vem diminuindo.

- Um pequeno grupo de pessoas está mantendo o país refém. Isso é lamentável - afirmou Guy Cousserant, 56, usuário do sistema público de transportes.

Pesquisas de opinião mostram que a greve dos ferroviários não conta com o apoio da maior parte dos franceses. Mas o governo também se vê sob pressão para mostrar que tenta solucionar a questão. E as pesquisas indicam insatisfação tanto com Sarkozy quanto com o primeiro-ministro François Fillon.

O presidente, que ganhou a fama de ser um administrador envolvido em todos os assuntos do governo, não se manifestou a respeito da greve. Laurent Wauquiez, porta-voz do governo, disse que Sarkozy pode dar declarações sobre a questão ainda nesta semana.Cancelamentos e atrasos de vôos nos aeroportos

Vôos cancelados

Vôos internacionais foram cancelados ou sofreram atrasos porque empregados do setor de controle de tráfego aéreo em alguns aeroportos entraram em greve.

Estudantes bloquearam o acesso a prédios em dezenas de campi do país todo em protesto contra reformas que concedem mais autonomia às universidades. Cerca de 58% dos professores de colegial aderiram à greve devido a uma diminuição no número de vagas, afirmou uma autoridade do sindicato.

Os distribuidores de jornal também deram início a uma greve de um dia devido a um plano de reestruturação.

A estatal ferroviária SNCF afirmou que o número de pessoas envolvidas na greve do setor diminuiu na última semana, mas que o atendimento ao público continuaria prejudicado. Como muitos passageiros trocaram os trens pelos carros, os congestionamentos somaram mais de 300 quilômetros na França, na terça-feira de manhã.

Segundo a SNCF, cerca de metade dos trens TGV de alta velocidade funcionariam na terça-feira. E a ligação Eurostar, com Londres, não seria afetada. No entanto, os trens que fazem o trajeto entre Paris e os aeroportos da cidade devem sofrer bastante, como também é o caso do metrô e das linhas de ônibus.

As negociações com os sindicatos devem começar na quarta-feira. O governo diz que não cederá a respeito dos principais elementos de seu plano para reformar o sistema de "regimes especiais", pelo qual algumas pessoas, entre as quais os ferroviários, podem aposentar-se depois de contribuírem dois anos e meio a menos do que o padrão.

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