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A Polícia Federal (PF) descobriu que o paranaense Julio Cesar Rando da Costa é o responsável pelo envio de contêineres com toneladas de lixo da Europa para o Brasil. Ele é proprietário de duas empresas britânicas acusadas de exportarem lixo para portos do país.

Julio Cesar Rando da Costa reside na Grã-Bretanha e é proprietário das empresas Worldwide Biorecyclables Ltda. e UK Multiplas Recycling Ltda. O brasileiro com passaporte português declarou falência neste ano da primeira empresa, e em seguida criou outra com o nome UK Multiplas Recycling, que opera em Swindon, cidade onde reside.

A Polícia Federal (PF) investiga a origem de 114 contêineres que foram encontrados nos portos de Santos (SP), em Caixas do Sul (RS) e em Rio Grande (RS). Os contêineres enviados da Europa chegaram entre fevereiro e maio deste ano ao país. Porém só em junho a Receita Federal localizou 64 contêineres.

Nesta sexta-feira (17) a alfândega do Porto de Santosinterceptou mais 25 contêineres contendo lixo doméstico. O porto recebeu ao todo 51 contêineres, com aproximadamente 670 toneladas de lixo. Somados aos demais enviados ao Rio Grande do Sul, o total ultrapassa 1.600 toneladas de lixo, segundo à agência Reuters.

"É o mesmo tipo de lixo encontrado nos outros carregamentos, mas com lixo tecnológico junto, como caixas de CDs e peças de computadores", disse à Reuters Ingrid Oberg, chefe regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Santos.

Nos contêineres de lixo enviados fiscais encontraram pilhas de materiais tóxicos, domiciliares e eletrônicos, incluindo pilhas, seringas, camisinhas, banheiros químicos, lixo hospitalar, tecidos, cartelas vazias de remédios e fraldas usadas. Um dos contêineres de lixo localizado continha brinquedos sujos com um recado em português "Lave antes de dar às crianças pobres brasileiras".

Responsabilidades

A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar o caso e deve acionar à Interpol (polícia internacional) para apurar responsabilidades.

A Procuradoria da República no município de Rio Grande solicitou à Polícia Federal a abertura de inquérito para apurar as responsabilidades sobre a importação irregular do lixo. O prazo para que a carga fosse devolvida à Grã-Bretanha expirou no último dia 10 de junho.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) informou à Reuters nesta quinta-feira (17), por meio de sua assessoria de imprensa, que encaminhará nos próximos dias uma série de recomendações ao Itamaraty sobre como abordar as autoridades britânicas sobre esse tema.

O Brasil e a Grã-Bretanha são signatários da Convenção de Basileia, que regula desde 1992 o transporte internacional de resíduos tóxicos através de fronteiras.

Máfia internacional

A chefe regional do Ibama, de São Paulo, Ingrid Oberg considera necessária uma investigação para se constatar a participação de uma quadrilha internacional de exportação de lixo. "Agora que vai começar a investigação. A gente não tem como afirmar, a investigação começa a partir de agora", disse ela em entrevista à Agência Brasil.

A Receita Federal afirma que o esquema é similar ao usado pela máfia italiana, que envia lixo para países da África.

Segundo o Ibama quatro empresas são responsáveis pela importação dos produtos. Duas delas são de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, e as outras de São Paulo.

No Rio Grande do Sul, uma das empresas notificada pelo instituto já se prontificou a devolver os contêineres com lixo. As empresas brasileiras responsáveis pela importação do lixo ao Brasil já foram autuadas e receberam multas que chegam a R$ 408 mil.

O Ibama encaminhou ainda denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal para investigar se houve má-fé da empresa importadora.

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