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Fim do drama

Paranaenses relatam dias de ansiedade e tensão na Tailândia

Grupo de turistas brasileiros enfrentou falta de remédios e medo de não poder voltar para casa

Curitibanos aliviados ao chegar. Da esquerda para a direita: Lione Bonatto, Ari Lori, e Alberto e Luci Machado | Ricardo Matsukawa
Curitibanos aliviados ao chegar. Da esquerda para a direita: Lione Bonatto, Ari Lori, e Alberto e Luci Machado (Foto: Ricardo Matsukawa)

Depois de presenciar a tensão social que derrubou o premier da Tailândia e de passar 52 horas acordado no trajeto de volta ao Brasil, o curitibano Luiz Henrique Abreu de Moraes chegou ontem ao aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo. Ele é um dos 11 paranaenses que ficaram retidos em Bangcoc quando manifestantes fecharam o aeroporto da capital e interromperam as rotas aéreas. De São Paulo, ele partiu com seu grupo de cinco familiares e amigos para o Rio de Janeiro, onde tem apartamento.

A viagem de volta foi adiada em uma semana. O grupo de 52 turistas brasileiros já vinha de uma longa viagem à China quando chegou à Tailândia, e ali passou por momentos de ansiedade. "Como éramos pessoas de idade, nos preocupamos com a falta de remédios", explica Moraes. No geral, eles ficaram protegidos por estar na região hoteleira da cidade. "O tumulto monumental, mesmo, aconteceu em torno do aeroporto e do Palácio do Governo", conta.

Agitação

Ontem, o rei da Tailândia, venerado pela maioria de seus súditos, pretendia dirigir-se à nação, mas suspendeu seu discurso por motivos de saúde. Bhumibol Adulyadej, o mais velho monarca em exercício do mundo, 62 anos de reinado, é considerado o único que pode pôr fim ao conflito político por que passa o país.

Alguns analistas atribuem a agitação dos três últimos anos às tensões entre o reino e o primeiro-ministro no exílio, Thaksin Shinawatra, e à incerteza sobre a sucessão real. Os opositores – que em 25 de novembro fecharam os aeroportos de Bangcoc e precipitaram na terça-feira a renúncia do primeiro-ministro Somchai Wongsawat, cunhado de Thaksin – vestiam-se de amarelo, em sinal de obediência ao rei.

Advertência

Em uma atitude pouco habitual, sua esposa, a rainha Sirikit, participara em 13 de outubro do funeral de uma manifestante, vítima dos enfrentamentos com a polícia nas proximidades do Parlamento. Ao suspender bloqueio dos aeroportos na quarta-feira, depois da partida de Somchai por decisão da Corte Constitucional, o líder da oposição, Sondhi Limthongkul, advertiu que a agitação seria reiniciada se "os partidários de Thaksin voltassem" ao poder ou "tentassem desafiar a autoridade do monarca".

O desaparecimento de Bhumibol, cujo reinado é o mais longo da história da Tailândia, deixaria um vazio enorme, temido pelos tailandeses educados no respeito ao rei, à devoção budista e a um patriotismo alimentado pelo Exército.

Este hábil estrategista político, carente de poder constitucional, já que a monarquia absoluta foi abolida em 1932, tem uma grande autoridade moral – mas ela é exercida nas sombras, um dos motivos para o conflito de poder por que o país passa há meses.

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