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Drones das Forças Armadas iranianas em Teerã: Bolívia diz ter interesse em utilizá-los nas fronteiras do país no combate ao narcotráfico e ao contrabando e na vigilância militar
Drones das Forças Armadas iranianas em Teerã: Bolívia diz ter interesse em utilizá-los nas fronteiras do país no combate ao narcotráfico e ao contrabando e na vigilância militar| Foto: EFE/Marina Villén

Uma parceria do governo da Bolívia com o Irã está gerando preocupação nos vizinhos de América Latina e também nos Estados Unidos, o principal inimigo geopolítico de Teerã.

Em 20 de julho, o ministro da Defesa boliviano, Edmundo Novillo, esteve na capital iraniana e assinou com o governo da república islâmica um memorando de entendimento nas áreas de defesa e segurança.

Diante da repercussão e do mistério sobre o acordo, ele detalhou dias depois que La Paz está interessada em drones de tecnologia avançada, que seriam usados nas fronteiras do país no combate ao narcotráfico e ao contrabando e na vigilância militar.

“A tecnologia deles pode atender aos requisitos que buscamos”, declarou Novillo. “Não é uma ameaça, nem podemos nos prestar a algum tipo de ação que possa gerar ataques ou algo parecido. Somos pacifistas.”

O Instituto de Pesquisa de Mídia do Oriente Médio (Memri, na sigla em inglês) sugeriu que a contrapartida da Bolívia poderia ser o fornecimento de lítio para o Irã: o território boliviano tem as maiores reservas mundiais do metal, que tem aplicações para o desenvolvimento de armas nucleares.

O Irã já tem uma clientela significativa do seu programa de drones. A Rússia utilizou drones iranianos na guerra da Ucrânia, e a Venezuela recebe tecnologia de Teerã nessa área desde 2007.

Na guerra do Iêmen, a milícia Houthi usa drones iranianos, e a Etiópia os utilizou recentemente contra os rebeldes na região do Tigré.

Comunidade judaica argentina manifesta preocupação

Entre o anúncio do memorando e a confirmação do ministro de que a Bolívia pretende adquirir drones do Irã, o Ministério das Relações Exteriores da Argentina enviou nota à embaixada boliviana em Buenos Aires pedindo informações sobre “o alcance das conversações e possíveis acordos” firmados com o Irã.

A Delegação de Associações Israelenses Argentinas (Daia) também manifestou preocupação. “A Daia, entidade representativa da comunidade judaica argentina, alerta sobre os riscos para a segurança da Argentina e da região, após saber do acordo de defesa assinado pela Bolívia com o Irã, país ligado ao grupo terrorista Hezbollah e responsável pelo atentado contra a sede da Amia-Daia que deixou 85 mortos e mais de 300 feridos”, afirmou a entidade em comunicado, em referência ao atentado terrorista ocorrido em Buenos Aires em 1994.

Internamente, o governo de Luis Arce também sofre desgaste: a oposição questiona a parceria com o Irã.

“Só sei o que a imprensa publica. Ela diz que [o Irã] nos dará drones. Outros dizem que vão nos dar mísseis. Tudo isso soa estranho, ainda mais se for com o Irã”, disse Gustavo Aliaga, secretário do Comitê de Defesa e Forças Armadas da Câmara dos Deputados, à agência Associated Press. “Não entendo por que a Bolívia está se metendo em uma relação complexa e difícil.”

Nesta segunda-feira (7), ecoando declarações do porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, o vice-porta-voz do Departamento de Estado americano, Vedant Patel, disse que Washington leva a sério “quaisquer esforços de outros países interessados em aprofundar parcerias militares com o Irã ou adquirir drones iranianos”.

“Pedimos veementemente a todas as nações que evitem se envolver em transações com o Irã para [aquisição de] equipamentos militares ou itens relacionados que possam sujeitar entidades e indivíduos a várias sanções de autoridades dos Estados Unidos”, afirmou Patel, que disse que o governo americano está aberto “a estabelecer relações bilaterais mais fortes com o governo boliviano em áreas de interesse mútuo, potencialmente até segurança de fronteira, migração, coisas desse escopo”.

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