Parlamentar britânico morre esfaqueado; polícia aponta possível ligação com extremismo islâmico

• 0

O parlamentar britânico David Amess, do Partido Conservador, morreu após ter sido esfaqueado diversas vezes durante uma reunião com eleitores nesta sexta-feira (15), de acordo com vários veículos de imprensa britânicos. Um homem de 25 anos considerado suspeito foi preso pela polícia.

Mais cedo, a polícia havia confirmado que um homem morreu em ataque com faca, sem nomear a vítima. O jornal The Guardian ouviu fontes ligadas à investigação que confirmaram que o homem morto neste ataque é o parlamentar David Amess.

Amess, 69 anos, era membro do Parlamento desde 1983 e representava o distrito de Southend West, em Essex, desde 1997. Entre as causas defendidas pelo parlamentar estava a defesa dos animais. O ataque ocorreu na igreja Belfairs Methodist, em Leigh-on-Sea.

A polícia contraterrorismo está auxiliando as investigações iniciais, que estão sendo coordenadas pela polícia de Essex.

Em comunicado, a polícia de Essex afirmou que um homem foi preso após o crime. "Nós fomos chamados por relatos de um esfaqueamento em Eastwood Road North, Leigh-on-Sea, logo após as 12:05 de hoje", diz o texto.

"Nós chegamos e encontramos um homem ferido. Ele foi atendido por serviços de emergência mas, infelizmente, morreu no local. Um homem de 25 anos foi rapidamente preso quando policiais chegaram ao local, por ser suspeito de assassinato, e uma faca foi recuperada. Neste momento ele está sob custódia. Não estamos procurando por mais ninguém relacionado a esse incidente", continua a nota.

Em um comunicado divulgado à noite, a Polícia Metropolitana informou que o assassinato foi declarado formalmente como um ato de terrorismo. A investigação inicial revelou “uma motivação potencial ligada ao extremismo islâmico”. O suspeito preso é um britânico de ascendência somali.

Vários membros do Parlamento, dos partidos Conservador e Trabalhista, condenaram o ato de violência e expressaram condolências em mensagens postadas em redes sociais.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson fez uma homenagem a David Amess. "Todos os nossos corações estão completamente em choque e entristecidos hoje pela perda de Sir David Amess, morto em reunião com seu eleitorado em uma igreja após quase 40 anos de serviço contínuo ao povo de Essex e do Reino Unido", afirmou o premiê, acrescentando que o parlamentar era um dos políticos mais "bondosos, generosos e gentis", e que tinha um histórico de aprovar leis para ajudar pessoas vulneráveis. Ele destacou as leis aprovadas para quem sofre de endometriose, para acabar com a crueldade animal e para pessoas sofrendo com pobreza de combustíveis.

Carrie Johnson, esposa do premiê, escreveu no Twitter: "Notícia absolutamente devastadora sobre o Sir David Amess. Ele era imensamente gentil e bom. Um grande amante de animais e um verdadeiro cavalheiro. Isso é completamente injusto. Meus pensamentos estão com a sua esposa e seus filhos".

Boris Johnson, que também integra o Partido Conservador, suspendeu uma reunião de gabinete e retornou à sua residência oficial, no número 10 de Downing Street, logo após a notícia da morte de Amess.

A ex-primeira-ministra Theresa May afirmou pelo Twitter que esse é "um dia trágico para a nossa democracia". "Um homem decente e parlamentar respeitado, morto em sua própria comunidade enquanto realizava o seu dever público", lamentou.

Amess é o segundo membro do Parlamento britânico assassinado em pouco mais de cinco anos. Em junho de 2016, Jo Cox, do Partido Trabalhista, foi morta depois de ser baleada e esfaqueada por um extremista, também enquanto se reunia com eleitores, em West Yorkshire. O assassino, Thomas Mair, um jardineiro desempregado, foi condenado a prisão perpétua pelo crime.

Após a notícia do assassinato de Amess, Lindsay Hoyle, presidente da Câmara dos Comuns, disse que a segurança dos parlamentares será revista. Ele disse ainda que a prioridade imediata é oferecer condolências aos amigos e familiares de Amess.

Muitos parlamentares britânicos mantêm reuniões regulares abertas à população para debater temas de interesse das suas comunidades.

"Nos próximos dias, precisaremos discutir e examinar a segurança dos parlamentares e quaisquer medidas a serem tomadas, mas, por enquanto, nossos pensamentos e orações estão com a família, amigos e colegas de David", afirmou Hoyle em comunicado, segundo o jornal The Guardian.